Fernando Tupan
De Londrina
O treinador Wanderley Luxemburgo pela primeira vez apareceu na entrevista coletiva sem paletó e gravata, mostrando-se satisfeito em ter conquistado a vaga e o título do Torneio Pré-Olímpico. Visivelmente feliz, o técnico disse que agora vai curtir um pouco a classificação para somente depois pensar na agenda da Seleção que irá as Olimpíadas de Sydney, em setembro.
Como de costume, Luxemburgo evitou tocar em assuntos polêmicos. Ele fez questão de driblar, por exemplo, a questão do corte do atacante Denílson, do Betis, que não pode participar de toda a fase de preparação, em Londrina. ‘‘Ele foi cortado devido à filosofia da seleção’’. Mas afirmou que não existe problema em convocá-lo para futuros amistosos ou competições.
A evolução técnica da equipe não foi surpresa para o treinador. ‘‘Conseguimos trabalhar bem a identidade dos atletas e suas virtudes não demoraram a aparecer. A união do grupo foi outro fator apontado para chegar ao título do torneio de maneira invicta. Nós trabalhamos esse último mês visando atingir um objetivo’’.
Apesar da sua irritação com as vaias da torcida londrinense nas três primeiras partidas do Brasil, Luxemburgo falou não ter passado nenhum momento difícil. ‘‘Tenho uma frase: nada resiste ao trabalho. No Pré surgiram críticas e não fiquei chateado. São coisas do futebol’’.
Sobre o empate com os uruguaios, Luxemburgo disse que gostaria de ter vencido e teceu elogios sobre a forma descontraída da equipe jogar. ‘‘Eles nos marcaram bem. Tivemos oportunidades de marcar outros gols e perdemos. O importante é que conquistamos o título invictos. O Uruguai entrou totalmente despreocupado e por isso criou mais problemas. Nós tínhamos a obrigação de vencer’’.
Para formar o grupo que disputará as Olimpíadas, Luxemburgo deverá ter vários problemas. O técnico Felipe Scalori, do Palmeiras, prometeu dificultar a liberação de Alex. O Grêmio também pretende agir da mesma maneira com relação a Ronaldinho. ‘‘Vou conviver com esses problemas. Mas posso garantir para vocês que a supervalorização de Ronaldinho se deu graças à seleção’’.
Os jogadores sabem que atuar somente em clube não rende reconhecimento mundial. Os atletas evitam polemizar com o treinador. Alex preferiu deixar para os dirigentes discutirem. Ronaldinho compartilha da mesma opinião. Mas é certo que quando Luxemburgo quiser chamar atletas como Denílson, vai ter trabalho para convencer os dirigentes do Betis, da Espanha.
Com relação aos três convocados com mais de 23 anos, Luxemburgo acha cedo para discutir o assunto. ‘‘Tenho que esperar o desempenho dos jogadores nos seus clubes nos próximos meses. Ainda não tenho nomes. Com relação a Felipe e Denílson eles precisarão mostrar qualidade para ir a Sydney. O pessoal que está aqui saiu na frente’’.
O médico Luiz Augusto Gaspar, do São Paulo, deixou o médico da seleção brasileira, José Luiz Runco, irritado. Gaspar declarou que o lateral-esquerdo Fábio Aurélio não teve fratura óssea por stress e sim uma inflamação. Runco disse que pretende encaminhar uma nota a Associação Brasileira Médica de Futebol para tomar providências contra o companheiro. ‘‘Fizemos uma ressonância magnética e os resultados estão aqui nas minhas mãos para serem verificados’’.
Os uruguaios mais uma vez driblaram a imprensa após o empate de 2 a 2 com o Brasil. O técnico Victor Púa e os jogadores foram para o hotel logo após a partida. Não queriam justificar o fiasco no quadrangular final. Dos nove pontos disputados, os uruguaios somente conseguiram um contra o Brasil. Mesmo assim o fato foi comemorado. Afinal, não perderam para o campeão.Visivelmente feliz com o título do Pré-Olímpico, técnico não vai pensar já no trabalho para as Olimpíadas
Milton DóriaVIBRAÇÃO EM CAMPORonaldinho acompanha Fábio Bilica na comemoração do primeiro gol contra o Uruguai: placar poderia ser mais favorável se o Brasil ‘forçasse’ um pouco mais