O Londrina se despediu ontem de um dos maiores dirigentes da sua história. O ex-presidente Carlos Antônio Franchello foi sepultado no fim da tarde no cemitério São Pedro. Franchello tinha 89 anos e morreu na noite de segunda-feira, após 15 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico. Ele tinha um quadro avançado de diabetes.
O prefeito Alexandre Kireeff (PSD) decretou luto oficial de três dias no município. Franchello foi velado no salão nobre da Câmara Municipal e o caixão foi coberto com as bandeiras da cidade e do LEC. O ex-presidente foi vereador na década de 1950 e vice-prefeito entre 1989 e 1992, na gestão de Antônio Belinati.
Somando as três vezes em que foi presidente do clube, Franchello dirigiu o LEC por 15 anos. Está marcado na história alviceleste como um dos dirigentes mais vitoriosos, carismáticos e folclóricos que já passaram pelo alviceleste em quase 60 anos. Franchello esteve presente também em momentos decisivos para a vida do clube fora de campo. Por isso que todos reconhecem que Franchello será sempre o eterno presidente azul e branco.
"Todas as passagens da história do Londrina tem uma participação do Franchello. Desde a fundação, os títulos, a sede campestre, as cores. O que fica são as coisas boas que ele fez por nós e com certeza uma enorme lacuna será deixada na história do LEC", lamentou o presidente Felipe Prochet, em nota oficial no site do clube. O Londrina determinou que o escudo do clube será usado na cor preta nas redes sociais nos próximos três dias, em sinal de luto.
Em sua primeira gestão, entre 1959 e 1968, o dirigente comandou a transformação do até então Londrina Futebol Clube para Londrina Futebol e Regatas, que posteriormente se tornaria o atual Londrina Esporte Clube. Em 1962, o Tubarão conquistaria seu primeiro título paranaense.
Franchello voltaria ao comando do clube em 1972 e deixaria mais uma marca importante na história. Após se tornar LEC, fruto da fusão com o Paraná, o Londrina passou a usar as cores do município: vermelho e branco. O primeiro ato do novo presidente foi determinar a volta do azul e branco para a camisa do Caçula Gigante, nome preferido e mais usado por Franchello para falar do time. "As cores que hoje representam o LEC é em razão de uma briga pessoal dele de não abrir mão do azul e branco", ressaltou Prochet.
A terceira gestão de Franchello na presidência (1978/79) lhe deu a honra de viver o maior momento da história alviceleste, com o quarto lugar no Campeonato Brasileiro de 1977, que terminaria no ano seguinte. Ninguém mais que o eterno presidente merecia uma satisfação tão grande como essa de comandar um time que tinha Carlos Alberto Garcia, Brandão, Everton, Xaxá, Zé Roberto e que não tomou conhecimento de gigantes como Santos, Corinthians, Flamengo e Vasco.
"Franchello era muito espirituoso e folclórico, além de ser extremamente competente como presidente. Naquela época, não tinha dirigente que fazia o que ele conseguia", apontou o ex-supervisor alviceleste, Aldivino Generoso.
Franchello deixou a esposa, Lucia, de 93 anos, quatro filhos, 11 netos e 14 bisnetos. Apesar da saúde fragilizada, o ex-presidente fez questão de acompanhar os jogos decisivos do clube do coração nos últimos anos no estádio do Café, como a final contra o Maringá, em 2014, e o jogo que valeu o acesso para a Série B, diante do Confiança, este ano. "O carinho e o reconhecimento da cidade pelo que ele fez é o que nos conforta. Ele dedicou a sua vida e os seus bens pelo clube. O futebol era a vida dele e o Londrina a sua grande paixão", ressaltou o neto, Carlos Antônio Franchello Neto.