Atletas do Tsuro Oguido também disputam competições de futsal para não ficarem sem calendário
Atletas do Tsuro Oguido também disputam competições de futsal para não ficarem sem calendário | Foto: Gina Mardones

Seguindo o caminho trilhado por grandes clubes do futebol brasileiro, o Londrina terá uma equipe de futebol feminino no segundo semestre. O Alviceleste finalizou os últimos detalhes para uma parceria com o time do Colégio Estadual Tsuro Oguido, que mantém uma equipe feminina há oito anos.

A partir de 2020, os clubes que jogam a Série B do Brasileiro também serão obrigados a manter times femininos. Atualmente já existe esta exigência para os clubes da Série A e que disputam competições internacionais. O primeiro torneio do novo time do LEC será o Campeonato Paranaense adulto, previsto para começar em agosto. Em 2018, o Estadual teve apenas quatro clubes e o Foz Cataratas foi o campeão.

“Em um primeiro momento, até o fim deste ano, firmamos uma parceria para ceder apenas o uso da marca do Londrina. O objetivo é evoluir com o projeto em 2020 e termos uma situação mais estruturada”, afirmou o presidente Claudio Canuto.

O trabalho no Colégio Tsuro Oguido, localizado no jardim Santa Rita, zona oeste de Londrina, conta com mais de 40 meninas, de 12 a 17 anos. O time é uma referência no futebol feminino de base do Estado e conquistou cinco das últimas seis edições dos Jogos Escolares do Paraná. Este ano, foi convidado para disputar o Brasileiro Escolar e foi campeão da Chave Prata.

“Procuramos fazer um trabalho diferenciado e os resultados têm aparecido. Acabamos disputando também o futsal, porque praticamente não há competições de futebol no Paraná e aí ficaríamos sem jogar partidas oficiais”, frisou o técnico e professor Johnny Gonçalves.

O treinador aposta que a visibilidade atual do futebol feminino e a entrada de grandes clubes na modalidade devem atrair mais patrocinadores e apoio ao esporte. “Acredito que este momento é um divisor de águas para o futebol feminino. E ter esta parceria com um clube de camisa como o Londrina é muito importante. É um orgulho e ao mesmo tempo uma responsabilidade muito maior. Mas é uma motivação extra para continuarmos com o trabalho”, ressaltou.

A equipe do Tsuro Oguido conseguiu aprovar um projeto junto ao Feipe (Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos) da FEL (Fundação de Esportes de Londrina) e receberá R$ 53 mil para disputar o Campeonato Paranaense, o que desobrigará investimento financeiro do Londrina neste primeiro ano.

De acordo com o coordenador da base do LEC, Francisco Alencar, o clube observou alguns projetos do futebol feminino na cidade e optou pelo Tsuro Oguido em razão do tempo de trabalho e da organização. “É uma equipe organizada e com meninas com postura em campo. São jogadoras jovens, que podem ter dificuldades no começo jogando no adulto, mas que têm potencial”, ressaltou.

Segundo Alencar, o clube tem como meta expandir o trabalho no futebol feminino a partir de 2020. “Decidimos nos antecipar à obrigatoriedade para já nos organizarmos. A ideia é termos equipes de base, estruturar o trabalho para identificarmos novos talentos e seguir o mesmo mecanismo que temos hoje no futebol masculino”, apontou.

Foz é o único paranaense no Brasileiro

O time de futebol feminino do Foz Cataratas tem dez anos e o clube é o único do Paraná a disputar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. O Toledo jogou a Série A2, mas foi eliminado na primeira fase.

Após ser parceiro do Coritiba em 2017 e 2018, neste ano o Foz se alinhou ao Athletico e representa o Rubro-negro no Nacional. O presidente Gezi Damaceno comemora este momento de exposição da modalidade, sobretudo em razão da campanha brasileira na Copa do Mundo, e espera que essa repercussão possa se traduzir em melhorias para os clubes e as jogadoras.

“Muitas vezes, os empresários se afastam porque acreditam que os valores do futebol feminino são parecidos com os do masculino e não apoiam. Mas a realidade é muito diferente e por isso esta divulgação é importante”, afirmou.

O Foz Cataratas sobrevive graças aos recursos repassados pelo Athletico e também pelo apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu. O clube paga salários e ainda oferece moradia, alimentação e estudo às jogadoras. Apesar disso, o time tem dificuldades financeiras para manter o trabalho de base, que não tem equipes estruturadas.

“A parceria com o Athletico é importante, mas o clube precisa muito mais dela do que nós. O custo para o Athletico ter um time próprio seria muito maior do que ele investe hoje. O formato da parceria é bom para este primeiro ano, mas tem que melhorar para uma renovação”, frisou o presidente do time da fronteira.

Damaceno cobra um investimento maior da CBF no futebol feminino e garante que a situação da grande maioria das equipes é muito difícil. A CBF custeia as despesas com transporte, alimentação e hospedagem.

“Se tirarmos Corinthians, Santos, Internacional e Flamengo, todos os outros que jogam a primeira divisão vivem com muita dificuldade”, apontou. “Todo jogo temos uma despesa de R$ 13, 14 mil para colocar o time em campo. O futebol feminino não recebe um real pelas transmissões na TV, enquanto os clubes do masculino ganham fortunas. O investimento da CBF deveria ser muito maior.”

Líder do Campeonato Brasileiro e classificado para a segunda fase do Paulista, o Corinthians tem como uma das suas destaques a londrinense Giovanna. A atacante, que chegou ao clube este ano e já marcou nove gols na temporada, elogia a estrutura oferecida pelo Timão. “Em todos estes anos e por todos os clubes por onde passei, o Corinthians é o que oferece as melhores condições e tem uma estrutura bem profissional. Tenho aprendido muito aqui”, revelou.

Aos 26 anos e entusiasmada com a fase da equipe, Giovanna projeta um ano de muitas conquistas no Alvinegro: “A nossa meta é ganhar tudo, o bi brasileiro, o Paulista, que escapou no ano passado, e ainda temos a Libertadores no final do ano”.