A venda do mando de campo do Londrina para levar o confronto com o Grêmio para Cascavel gerou forte repercussão negativa na torcida alviceleste, principalmente nas redes sociais. No entanto, a revolta do torcedor não sensibilizou o gestor Sérgio Malucelli, que alega a necessidade de arrecadar para cobrir os custos do futebol.

O jogo da 34ª rodada da Série B foi confirmado pela CBF para o estádio Olímpico Regional no dia 8 de outubro, às 16h30. Cascavel e a região Oeste do Paraná têm grande presença de torcedores do tricolor gaúcho. Malucelli justificou a mudança em razão da necessidade de melhorias no gramado do estádio do Café e pela baixa presença de público nos jogos em casa.

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"O gramado está muito ruim e a nossa comissão técnica tem reclamado direto. Nós conseguimos que a empresa que vai fazer a descompactação dos gramados do CT possa fazer no Café também neste período. Como vamos jogar contra a Ponte Preta (23/9) e depois vamos ficar um período longo sem jogar, dá para fazer agora", apontou em entrevista à Rádio Paiquerê 91,7. "E pela falta de público, de renda. Estamos perdendo muito dinheiro em todo jogo".

O Londrina tem uma média de público de apenas 1,9 mil torcedores por jogo, uma das piores da Série B. O gestor criticou a baixa presença de público até mesmo em jogos considerados grandes. "Enfrentamos o líder Cruzeiro, brigando pelo G4, e a arrecadação foi uma vergonha. Contra o Bahia a mesma coisa. O torcedor sempre reclama de tudo. Se chove não vai, se faz sol não vai, se muda o jogo, reclama. Se todo mundo que reclama fosse aos jogos estaria ótimo", reclamou. "Precisamos fazer os pagamentos e ninguém vem pagar os boletos que chegam todos os dias".

De acordo com Malucelli, o clube fará esta semana o pagamento dos salários do último mês e apenas algumas premiações ficarão em atraso. O gestor informou que o LEC vai receber uma cota fixa pela transferência da partida, além de uma participação na renda. Mas se recusou a revelar os valores. Em recente vídeo, divulgado nos canais oficiais do LEC, após surgir a possibilidade de negociar o mando do jogo contra o Vasco, em 18 de junho, o gestor havia afirmado que não venderia nenhuma partida nesta Série B por respeito ao torcedor e aos que compraram o Passaporte Alviceleste.

Passaporte

Em relação a estes torcedores, Sérgio Malucelli garantiu que o clube irá disponibilizar ônibus para levar os interessados a Cascavel. O empresário afirmou que não acredita que o LEC enfrentará problemas na justiça por eventuais processos de torcedores que se sentirem lesados e chegou a afirmar, de forma equivocada, que o passaporte não obriga o clube a fazer todos os jogos no Café. No próprio material publicitário do clube sobre o serviço está explícito o direito do torcedor: "o passaporte dá direito aos jogos do LEC no estádio do Café com mando dos jogos nos respectivos campeonatos".

Questionado se a atitude de vender o mando poderia distanciar ainda mais a torcida e a cidade do clube, Malucelli rebateu que não vê desta forma e que apenas em poucas oportunidades a torcida abraçou o time. "Este elo já não existe desde que cheguei. A nossa média é esta mesmo. Talvez a exceção tenha sido nos dois primeiros anos, depois sempre foi assim. Nosso público sempre foi 1,5 mil, dois mil, em jogo melhor sete mil, em final aí passa de 20 mil. Veja todas as promoções que fizemos nos últimos jogos. Só faltou buscar em casa e nem assim o torcedor foi", frisou. "Tem que pensar na parte financeira, não só na esportiva e se for para ganhar do Grêmio vamos ganhar em qualquer lugar".

ELEFANTE BRANCO

Durante a entrevista, Malucelli foi questionado por que renovou contrato com o LEC no final de 2020 diante deste cenário de prejuízo. "Porque eu tenho um elefante branco que se chama CT e que não pode parar. E porque o Londrina pediu para eu ficar porque não tinha nem time para jogar o Paranaense. E, por isso, renovei apenas por cinco anos e com a condição de se criar uma SAF neste período para tentar negociar", afirmou. "E sabe o que atrapalha o Londrina na questão da SAF? O público. Este é o ponto mais negativo que temos. Todos os interessados vão falar desta questão".

LEC fará a descompactação no Café

Apesar de ser a administradora do estádio do Café, a FEL (Fundação de Esportes de Londrina) não será a responsável pela descompactação do gramado da praça esportiva municipal. O serviço foi programado e será bancado pelo Londrina. "Jamais iríamos realizar alguma reforma no gramado durante a competição e obrigar o Londrina a jogar em outra cidade", frisou o presidente da FEL, Marcelo Oguido.

De acordo com Oguido, o LEC apresentou um ofício da empresa contratada pelo clube para fazer o serviço alegando que o único período disponível para os trabalhos seria entre o fim de setembro e a segunda quinzena de outubro, coincidindo com a data marcada para o confronto com o Grêmio. Todo o processo de descompactação e a consequente liberação do estádio deve demorar cerca de 30 dias.

"Será um benefício realmente para o estádio e não há como recusar. Mas tudo foi definido pelo Londrina em contato com a empresa", ressaltou Oguido.

Após o duelo com o Grêmio, o Alviceleste terá ainda mais duas partidas como mandante na Série B. Vai enfrentar o Sport, na 36ª rodada, e o Ituano, na rodada seguinte. No entanto, estes jogos ainda não têm as datas confirmadas pela CBF.

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