Apesar de admitir que a sua intenção é deixar o Londrina, o gestor Sérgio Malucelli deve cumprir o seu contrato com o clube até o fim de 2020. Chateado com a queda para a Série C e com as críticas e ameaças que vem sofrendo, o empresário convocou uma entrevista coletiva na manhã de terça-feira (26), ao lado do presidentes Claudio Canuto e Felipe Prochet, e fez um longo desabafo. Também revelou a intenção de o LEC tentar reverter o rebaixamento via tapetão.

Malucelli: ""Seu eu ficar pode ter certeza que é mais pelo Claudinho e pelo Felipe que por qualquer outra coisa. Porque a vontade era ir embora agora se eu pudesse".
Malucelli: ""Seu eu ficar pode ter certeza que é mais pelo Claudinho e pelo Felipe que por qualquer outra coisa. Porque a vontade era ir embora agora se eu pudesse". | Foto: Gustavo Oliveira/Londrina Esporte Clube

"Eu estou desanimado e a minha intenção hoje é entregar o Londrina. O Claudinho e o Felipe estão tentando me convencer a ficar, mas a minha ideia é deixar o Londrina seguir com as suas próprias pernas", frisou.

Em caso de rescisão contratual, Malucelli afirmou que irá quitar uma dívida com o clube de R$ 1,5 milhão - referente à falta de repasses em 2018 -, além da multa rescisória, que giraria em torno de R$ 200 mil. A multa total pela quebra de contrato é de R$ 2 milhões, mas o valor é proporcional ao tempo contratual já corrido.

"Seu eu ficar pode ter certeza de que é mais pelo Claudinho e pelo Felipe que por qualquer outra coisa. Porque a vontade era ir embora agora se eu pudesse".

O presidente Claudio Canuto, cujo mandato se encerra no próximo dia 15, fez coro pela permanência do gestor e também relatou que tem recebido ameaças por parte de alguns torcedores. "Tem 15 ou 20 fazendo isso. Do outro lado, tem 200, 300 nos parabenizando e querendo que o projeto continue", apontou.

"Temos acompanhado diversos clubes da Série B com vários meses de salários atrasados e no Londrina está tudo em dia. E isso é fruto deste trabalho e não podemos ter memória curta. Vou fazer de tudo para convencer ele a ficar porque o trabalho foi muito bom, caso contrário não iríamos fazer este esforço".

Para o futuro presidente alviceleste a interrupção neste momento da parceria exigiria que o clube buscasse novos investidores para o seu departamento de futebol. "Quando fui eleito já propomos ao Sérgio (Malucelli) a renovação por mais dois anos, já que acreditamos que o Londrina ainda não tenha condição de caminhar com as próprias pernas", ressaltou Prochet.

"Foram oito anos e meio de sucesso e infelizmente este final agora foi desagradável para nós. Se realmente for a vontade dele em deixar o Londrina teremos que buscar um parceiro pelo menos até o Londrina ter uma vida reestruturada e uma condição financeira de seguir sozinho".

Sérgio Malucelli afirmou que a definição sobre sua permanência ou não irá acontecer até na próxima semana, após mais algumas reuniões. O gestor, no entanto, garantiu que o clube não ficará órfão. "Todos os jogadores que estão no Londrina pertencem a SM Sports e eles vão ficar para a disputa do Campeonato Paranaense. Não vamos abandonar o Londrina de uma hora para outra", garantiu.

Tapetão

Sérgio Malucelli sinalizou que o Londrina pode acionar o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) em busca de uma punição ao Figueirense, que proporcionou um W.O. diante do Cuiabá na Série B, para tentar reverter o rebaixamento do LEC para a série C.

Mas isso depende da classificação final do Brasileiro e só ocorreria se o Londrina ficasse, no máximo, a três pontos do time catarinense. Hoje o LEC tem 36 contra 40 do Figueira. Na última rodada da Série B, no sábado (30), o Alviceleste enfrenta o Guarani e o Figueirense pega o Operário.

"Estamos estudando esta possibilidade há algumas semanas. O Figueirense ganhou dentro de campo, mas são eles que deveriam cair", apontou. "Eles têm que ser penalizados pelo W.O. porque senão é mais fácil para nós não jogarmos contra o Guarani, onde teremos um prejuízo mesmo de R$ 25 mil a R$ 30 mil. Com o W.O. perderíamos os pontos que não mudam nada e seríamos multados em R$ 3 mil. Sem punição nestes casos eles estão bagunçando o campeonato".

O Figueirense foi denunciado no artigo 203 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva) - deixar de disputar sem justa causa uma partida - e foi multado em R$ 3 mil. O LEC se apega no parágrafo segundo do mesmo artigo, que sugere que "se da infração resultar em benefício ou prejuízo a terceiro, pode ser aplicada a pena de exclusão da competição".

O advogado especialista em direito esportivo Luis Felipe Assunção aponta que a punição imposta ao clube de Florianópolis, baseada no artigo 203, foi a correta, já que não há indicação para a perda de pontos, a não ser os que estavam em disputa na partida. "E o STJD tem um princípio básico, que é sempre prevalecer o resultado de campo", explicou.

Outra possibilidade que o Londrina pode se apegar é o atraso de salários dos jogadores por parte do Figueirense. O artigo 17 do regulamento da Série B fala que em caso de atraso superior a 30 dias o clube pode ser punido com a perda de três pontos por partida, depois de reconhecida a inadimplência pelo STJD.

"O Figueirense foi denunciado nesta situação, mas conseguiu regularizar os pagamentos antes do julgamento. Por isso, houve a perda do objeto e a denúncia foi arquivada", revelou Assunção, do escritório Marques, Martins e Assunção.

Planejamento

Apesar de ainda não ter definido a sua permanência no Londrina, o gestor Sérgio Malucelli afirmou que todo o planejamento para o início da temporada está definido. O técnico Silvinho Canuto irá comandar o time sub-19 na Copa São Paulo e depois ficará à frente do profissional no Paranaense.

"Alguns jogadores do atual elenco não vão ficar até pelos salários e muitos que os contratos vencem no fim da Série B não terão a renovação. Teremos um time jovem, com a volta de alguns atletas que estão emprestados e dos destaques da Copa São Paulo", afirmou Malucelli. Jogadores experientes como Silvio e Germano não devem ter os contratos renovados para 2020.

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