Enquanto aguarda uma definição do gestor Sérgio Malucelli sobre sua efetivação ou não no comando técnico do Londrina, Edson Vieira tem usado uma estratégia do boxe para tirar o time das cordas. Sob o seu comando, o Tubarão venceu duas seguidas sem sofrer gols e subiu para a 10ª posição na Série B, com 10 pontos, após flertar com a zona do rebaixamento.

"O que eu estou tentando fazer com eles enquanto estiver como interino é que criem internamente essa condição de não gostar de perder jogos. O futebol em muitos momentos se assemelha muito ao boxe: às vezes, o bom boxeador vai para as cordas, mas não vai pra lona, apanha bastante, é muito socado, mas resiste porque ele tem uma tática, e nós temos feito isso", afirmou o interino, após a vitória por 2 a 0 sobre o Tombense, na última sexta-feira (19), a primeira do LEC como visitante.

Com bom segundo tempo, LEC vence a primeira fora e ensaia embalo

A analogia com o pugilismo faz sentido dentro da mentalidade que Vieira tem trabalhado com o grupo. Nos jogos contra a Ponte e o Tombense, o comportamento no primeiro tempo foi reativo, para usar um termo da moda, com o time atuando de forma compacta com a prioridade de evitar legar o gol. As vitórias foram construídas na etapa final, quando a equipe saiu mais para o jogo.

"Eu tenho colocado na cabeça deles que a nossa parte defensiva é primordial, defesa ganha campeonatos e ataque ganha jogos, começa lá na frente a marcação. A gente trabalhou muito essas linhas, que eu sabia que iam ser usadas, e falei pra eles também: vamos vencer o jogo no segundo tempo, que foi o que aconteceu", disse Vieira.

Na entrevista coletiva em Minas, o treinador usou a explicação da estratégia que tem adotado para esclarecer que não quis criticar o trabalho de Gallo, como deixou transparecer na primeira coletiva que concedeu como técnico interino. "Na minha primeira coletiva, confundiram a minha resposta, em nenhum momento eu critiquei o treinador que estava aqui, ao contrário, depois saiu num site grande do Brasil eu elogiando num gol que o Higor lançou (contra a Ponte Preta), que era trabalho do Gallo. Me perguntaram o que o Londrina precisava melhorar, eu disse: linhas compactadas, e é o que a gente está fazendo agora. A gente sobe e baixa as linhas. É isso aí, a gente conseguiu mais uma vitória", afirmou Vieira.

Imagem ilustrativa da imagem Interino tira o LEC das cordas
| Foto: Gustavo Pereira Padial

"NO TEMPO DE DEUS"

Ex-jogador do clube, Edson Vieira certamente tem o desejo pessoal e profissional de ser o técnico efetivo do Londrina, embora não o externe publicamente. Questionado pela FOLHA se já conversou com o gestor Sérgio Malucelli sobre sua situação na equipe e se pretende tratar com ele acerca de uma eventual efetivação no cargo, o interino assegurou que não. "Nada, tô tranquilo, o Sérgio é o gestor da empresa. Eu quero sempre deixar um legado por onde passo e aqui não vai ser diferente. Tenho uma filosofia de trabalho principalmente enraizada na cruz. Eu estou no tempo de Deus, o tempo de Deus não é o meu. Se Deus abrir a porta pra seguir, eu sigo, se não, o Sérgio tem total liberdade pra trazer um treinador", respondeu o treinador.


Extraoficialmente, o Londrina ainda vinha procurando um nome para o lugar de Gallo e chegou a fazer sondagens. Como o time já volta a campo na quarta-feira (24), para receber o Ceará, no Café, pela 8ª rodada, e mediante as duas vitórias seguidas, tudo indica que Edson Vieira seguirá no comando.

Para a partida diante dos cearenses, ele poderá contar com o retorno do capitão João Paulo, que cumpriu suspensão em Minas, e até promover as entradas de Matheus Lucas e Vinicius Barata. Ambos entraram no segundo tempo em lugares de Caio Mancha e Vitor Feijão, respectivamente, e deram outra dinâmica à equipe diante do Tombense.