O Campeonato Paranaense começou bagunçado. Depois do adiamento de quatro jogos da primeira rodada, a FPF (Federação Paranaense de Futebol) adiou também o confronto entre Paraná Clube e Londrina, que estava agendado para terça-feira (2), na Vila Capanema, pela segunda rodada do Estadual.

Viatura da GM foi colocada sobre o gramado do estádio do Café e gerou reclamação por parte do LEC
Viatura da GM foi colocada sobre o gramado do estádio do Café e gerou reclamação por parte do LEC | Foto: Reprodução

A suspensão da partida atende ao decreto emitido pela prefeitura de Curitiba, que veta jogos de futebol na capital, enquanto perdurar o decreto do governo do Estado que proíbe a prática de atividades não essenciais no Paraná até o dia 8 de março.

A confusão que marcou o início do Estadual se deu em razão de uma recomendação do MP-PR (Ministério Público do Paraná) aos municípios de Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel para que fossem proibidos jogos de futebol durante a vigência do decreto do governador Ratinho Junior (PSD), que visa diminuir a transmissão da Covid-19 no Paraná, além de desafogar o sistema de saúde.

Com a recomendação do MP, os prefeitos editaram novos decretos e proibiram a realização dos jogos. A partida entre FC Cascavel e Paraná foi adiada ainda na noite de sexta-feira (26).

O confronto entre Londrina e Maringá, no estádio do Café, foi suspenso minutos antes do horário marcado: 19h15 do último sábado (27). Os jogadores dos clubes chegaram, inclusive, a realizarem o aquecimento no gramado. O adiamento em cima da hora revoltou os dirigentes das duas equipes, com o agravante de que uma viatura da Guarda Municipal entrou no gramado para impedir o jogo e acabou danificando o sistema de irrigação do campo (veja box)

"Não era a estreia que queríamos. Infelizmente, foi a pior maneira possível. Recebemos a notícia às 16h, quando já estávamos vindo para o Café", frisou o gestor do LEC, Sérgio Malucelli. "Todos que estavam no estádio tinham feito testes e a segurança era total e absoluta. Fico entristecido pela forma que foi feito. Foi uma falta de respeito com o Londrina, com o Maringá e com os torcedores. Absurdo a falta de respeito do MP e do prefeito também".

O presidente do Maringá, João Vitor Mazzer, afirmou que todos os 40 integrantes da delegação realizaram os testes da Covid-19 e que o clube teve um grande prejuízo com as despesas de viagem, hospedagem e alimentação. "Ficamos perplexos com o horário que saiu a decisão. Não acreditávamos que fosse cancelado tão em cima da hora. Foi uma falta de respeito mesmo conosco", apontou.

Rodada

Os jogos entre Toledo e Rio Branco, no estádio 14 de Dezembro, e Coritiba e Cascavel CR, no Couto Pereira, também foram adiados. Os dois únicos confrontos disputados ocorreram em Cianorte e Ponta Grossa. No sábado, o Cianorte venceu o Athletico por 1 a 0, gol de Wilson Júnior. No domingo (28), no Germano Krüger, Operário e Azuriz empataram por 1 a 1, com gols de Rafael Oller e Edson.

O jogo entre Maringá e Coritiba, marcado para quarta-feira (3), no Willie Davids, também não irá acontecer. A prefeitura municipal já comunicou o clube da cidade que o atual decreto proíbe a prática de futebol até o dia 8 de março. A Federação Paranaense deve adiar também as demais partidas da segunda rodada do Estadual, marcadas para o meio de semana.

Viatura da GM invade gramado do Café e gera insatisfação

Instantes antes do horário programado para começar Londrina e Maringá, quatro viaturas da Guarda Municipal chegaram ao estádio do Café e uma delas foi parada dentro do gramado, o que gerou críticas e insatisfação de dirigentes do LEC. De acordo com o clube, o veículo danificou parte do gramado e uma das válvulas do sistema de irrigação, que fica sob a grama.

Na manhã de domingo (28), o presidente da FEL (Fundação de Esportes de Londrina), Marcelo Oguido, fez uma vistoria no estádio para apurar possíveis danos no gramado. "Não tivemos nenhum problema no campo, no gramado. Tivemos apenas um leve desnivelamento, mas o sistema de irrigação está ok", garantiu. Oguido afirmou que em uma semana o campo estará à disposição para os demais jogos do Londrina no Campeonato Paranaense.

Questionado pela FOLHA, o secretário municipal de Defesa Social, Pedro Ramos, afirmou que a abordagem da Guarda Municipal transcorreu de forma “tranquila” e “sem truculência”. Ramos disse ter determinado que a viatura adentrasse o campo como uma estratégia para não “gerar confronto” e comunicar aos jogadores que a partida não poderia ser realizada. Ainda de acordo com ele, a medida foi necessária, já que as equipes da Guarda constataram que os jogadores estavam prontos para iniciarem a partida, mesmo contrariando a determinação do município.

“A questão de entrar no campo foi só estratégica, assim como é feito com várias outras pessoas. O tratamento é o mesmo. Não houve truculência. Todos são iguais perante a lei: o time de futebol, o bar, o restaurante de luxo”, exemplificou. (Colaborou Vitor Struck).

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