Pela primeira vez na temporada o Londrina sente o peso de estar na zona do rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro. A derrota para o Criciúma deixou o Tubarão entre os quatro últimos e o time terá apenas três rodadas para tentar evitar uma queda para a Série C.

A FOLHA conversou com alguns ex-ídolos alvicelestes para tentar entender a fase delicada do time. Carlos Alberto Garcia lamenta o momento ruim e afirma que não esperava que o time chegasse nesta situação. "Pela experiência do (Sérgio) Malucelli no futebol, não imaginava que chegaria a este ponto", comentou.

Zagueiro Dirceu tem sido um dos jogadores mais criticados pela torcida nos últimos jogos
Zagueiro Dirceu tem sido um dos jogadores mais criticados pela torcida nos últimos jogos | Foto: Gustavo Oliveira/Londrina Esporte Clube

Garcia frisou que o que mais preocupa nesta reta final é a falta de reação do elenco. "Tudo que podia ser feito aconteceu. Se ofereceu bicho, os atletas foram criticados, elogiados e nada surtiu efeito. Agora só depende dos jogadores, mas estou assustado porque o time não tem forças para reagir, parece uma equipe sem vida, sem alma", apontou.

Para o zagueiro Márcio Alcântara, campeão estadual em 1992, não há muito o que tirar tecnicamente da equipe e, por isso, o caminho é ver quem realmente quer jogar. "Tem que conversar, unir o grupo e ver quem tá afim de jogar e quem não está, porque neste momento o time está conseguindo ser pior que qualquer adversário", ressaltou.

Na opinião de Alcântara a crise interna que gerou a saída do técnico Alemão foi o início de uma sequência de erros que fizeram com que o time se enfraquecesse a cada rodada. "É nítido que o psicológico do time esta abalado e isso reflete também neste número alto de lesões. Mas o Londrina ainda não caiu e o torcedor tem que acreditar até o final e ir no estádio apoiar a equipe", frisou.

A campanha ruim e a pressão por resultados e vitórias, segundo o psicólogo do Esporte, Jorge Luís Ribeiro, pode ter criado no elenco do Londrina o que a psicologia define como angústia de aniquilamento. "É quando o golpe final está muito próximo de acontecer", explicou o presidente da Apep (Associação de Psicologia do Esporte do Paraná). "Isso gera angústia, estresse e ansiedade. Me parece que o Londrina vive uma fase de overtraining e síndrome de Burnout".

O profissional lembrou que muitas vezes se treina muito, mas os objetivos não são alcançados e isso gera um estresse coletivo, que tem como consequência o abandono do jogo e a falta de vontade de seguir em busca das metas. "Futebol é um espelho daquilo que o jogador recebe. Se ele ganhou apoio ou não. A técnica e a tática são importantes, mas a cabeça precisa estar boa também. Muitas vezes as equipes não conseguem fazer esta virada, porque também refletem o que recebem da comissão técnica e da diretoria", afirmou.

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