SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Santos faz neste domingo (24) sua primeira partida sob o comando do técnico Lisca. O clube alvinegro enfrenta o Fortaleza, na Arena Castelão, pela 19ª e última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro.

Com pouco tempo para trabalhar, Lisca prioriza a conversa com elenco para se entrosar e ganhar a confiança dos atletas. O objetivo é introduzir questões táticas mais complexas a partir de segunda-feira, quando o Santos iniciará a semana livre antes de enfrentar o Fluminense em 1º de agosto, na Vila Belmiro.

Entre os desafios que Lisca terá que superar estão a rejeição da torcida e a falta de confiança do elenco.

O nome de Lisca foi reprovado pela maior parte da torcida e gerou protestos nas redes sociais. A situação piorou por causa da saída conturbada do Sport após apenas três semanas de trabalho.

Lisca tem o costume de trazer o torcedor para perto rapidamente e tem várias cenas comemorando com as arquibancadas. No Santos, o treinador deve ter uma rejeição inicial a superar.

Mais do que esperar um outro perfil de técnico, o torcedor santista está insatisfeito com a gestão do presidente Andres Rueda após a luta contra o rebaixamento no Campeonato Paulista e as eliminações na Copa do Brasil e na Sul-Americana. A irritação respinga na comissão técnica e elenco. Só resta agora na temporada o Brasileirão.

FALTA DE CONFIANÇA

O grupo principal do Santos está cheio de jovens e até os mais velhos sentiram a crise recente. Reconhecido pela boa relação com os jogadores, Lisca precisará elevar o fator anímico do elenco.

A situação piorou depois da derrota por 4 a 0 para o Corinthians, na Neo Química Arena, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil.

"Do 4 a 0 para cá, a gente está que nem doido procurando nosso momento o mais rápido possível. A torcida não pode passar pelo que passou, a gente entende e tenta sair o mais rápido possível disso. Temos que achar esse equilíbrio. A vitória, a pontuação indo para a primeira página, junto com o trabalho, vai estabilizar. Lisca é um grande treinador e chega com vitória. Agora, é acalmar e todos juntos encontraremos esse equilíbrio. Não é desculpa, a cobrança em time gigante é assim. Cabe a nós trabalharmos para dar à torcida o que eles merecem", disse o auxiliar Marcelo Fernandes.

Além disso, o Santos oscila muito nessa temporada. Em alguns jogos, o sistema ofensivo funciona e o defensivo não, e vice-versa. Na vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, por exemplo, o clube deu muitos espaços e contou com grandes atuações do goleiro João Paulo e do zagueiro Eduardo Bauermann para vencer.

O Santos tem sido um time que se defende mal e ataca com pouca gente. A equipe teve raros momentos de protagonismo e poucas vezes venceu e convenceu durante o ano de 2022.

Nesta temporada, o Santos tem duas unanimidades: o goleiro João Paulo e o atacante Marcos Leonardo. Outros jogadores viveram bons momentos e outros não tão bons, como Eduardo Bauermann, Lucas Pires, Rodrigo Fernández, Vinicius Zanocelo e Léo Baptistão. Um desafio para Lisca é dar regularidade aos seus titulares.

Ângelo, por exemplo, é visto como futuro craque por todos no Santos, mas ainda não deslanchou. Aos 17 anos, o camisa 11 toma decisões erradas e muitas vezes vê a torcida perder a paciência.

Lisca precisa encontrar a base de um time titular para mexer menos de um jogo para outro. O meio-campo é o setor que mais sofre alterações. Carlos Sánchez foi de nem relacionado com Fabián Bustos para frequente titular com Marcelo Fernandes.

Esses pontas firmes também podem vir do mercado. O Santos negocia com Mario Fernandes, Lucas Blondel, Diego Pituca e Brian Rodríguez. A intenção do presidente Andres Rueda é anunciar reforços ainda nessa semana.

PADRÃO TÁTICO

O Santos não tem um estilo de jogo próprio em 2022. O ex-técnico Fabián Bustos defendia a adaptação ao adversário, mas, no fim das contas, o Peixe se limitava basicamente ao 4-3-3 e ao 4-2-4.

Uma das críticas do ex-executivo de futebol Edu Dracena a Bustos era sobre a dificuldade do técnico argentino fortalecer o meio-campo. O Santos muitas vezes jogou com dois volantes e quatro atacantes, sem um armador.

Com o interino Marcelo Fernandes, o Santos jogou três vezes no 4-3-3 e uma no 4-2-4. O Peixe poucas vezes atuou com três zagueiros ou com quatro homens no meio-campo nos últimos meses.

Ao escolher Lisca, a diretoria do Santos e o novo executivo Newton Drummond entenderam que o técnico pode trazer solidez à equipe, com um estilo pré-definido dentro e fora de casa. O trabalho de Lisca no América-MG, entre 2020 e 2021, foi muito bem avaliado no Peixe.

ESCALAÇÃO

Na quinta (21), Lisca informou que o zagueiro Luiz Felipe sentiu dores musculares e é dúvida para a partida contra o Fortaleza.

O treinador se mostrou preocupado com o setor defensivo, pois Maicon não está à disposição por causa de lesão na panturrilha. Caso seja confirmada a ausência de Luiz Felipe, Lisca ficará apenas com Eduardo Bauermann, Alex e Zabala à disposição.

"Para o jogo de domingo, tenho dificuldade na defesa. Maicon lesionado, Luiz Felipe sentiu uma dor e pode não jogar. Tenho o Eduardo [Bauermann]. É uma posição que temos que ver. Tem o Zabala e outro menino do sub-20. Talvez tenhamos que improvisar, mas vamos superar juntos com contratação ou um dos meninos", disse.

Outros desfalques confirmados para a partida contra o Fortaleza, na estreia de Lisca, são Vinicius Zanocelo (suspenso) e Lucas Pires e Sandry (no departamento médico).

Assim, um possível Santos é: João Paulo; Madson, Eduardo Bauermann, Alex e Felipe Jonatan; Rodrigo Fernández, Camacho e Bruno Oliveira; Léo Baptistão, Ângelo e Marcos Leonardo.

Estádio: Arena Castelão, em Fortaleza (CE)

Horário: Às 19h (de Brasília) deste domingo (24)

Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO)

VAR: Elmo Alves Resende Cunha (GO)

Transmissão: SporTV e Premiere