SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O técnico Lisca foi apresentado como novo técnico do Santos nesta quinta-feira (21), na Vila Belmiro. O treinador assumiu o time alvinegro três semanas depois de ser anunciado pelo Sport.

Na entrevista coletiva, Lisca explicou a saída conturbada do Sport e fez planos otimistas para o Santos, que só tem o Campeonato Brasileiro a disputar.

"Uma evolução enorme, oportunidade de ouro. Santos tem dimensão mundial. A década de ouro fez o Santos se confundir com a história do futebol brasileiro. Vejo o muro e são muitos ídolos. É um orgulho enorme, um momento especial da minha carreira. Chegar no Santos depois de começar na escolinha do Inter. Todos os clubes têm sua grandeza e trabalhei em grandes clubes. O Santos é um clube enorme e a evolução é gritante. Santos está na Série A, projeta profissionais e tenho certeza que vou sair do Santos um dia melhor. Quero aproveitar todos os momentos. A gente só aprende a viver quando aceita a morte. Todos vão morrer aqui, desculpa falar. Não dá para levar o caixão. O budismo diz que a vida é aproveitada quando se aceita a morte. Gosto de ler muito sobre a parte mental. Em uns clubes eu fico mais e em outros menos. Vou aproveitar o máximo. Pretendo ficar até dezembro de 2023. Nossa média é de quatro meses, infelizmente. Temos que saber como funciona. Hoje vejo com naturalidade". disse Lisca.

"No domingo, o Jorge Machado [empresário] falou que o Santos procurou de novo. Mas eu tinha jogo segunda-feira, com time preparado. Eu estava bem no Sport. Mando abraço a todos do Sport, fui proibido de me despedir deles. Falaram que eu faltei, mas não é verdade. O trabalho foi muito legal e eles sabem. Eu não prendo jogador. Ninguém é insubstituível. Durante o jogo saiu notícia do acerto do Santos. Como a torcida do Sport gostava do trabalho, ficaram revoltados pela saída, achando que eu estava acertado. Eu achei que cantariam fica Lisca, cantaram vai Lisca. Me agrediram, família se assustou. Depois do jogo, falei para o Sport que conversaria com o Santos. Os jogadores não entenderam nada. No América-MG, eu conversei com o Santos e não vim. O Jorge Andrade sabe o que aconteceu e entende o mercado. O que aconteceu durante o jogo facilitou a minha decisão. Eu viria de qualquer jeito, mas precisava conversar com o Sport e ainda não tinha aceitado o Santos. Depois ficou inviável. O presidente gosta de mim e do meu trabalho, estive na casa dele e ficou chateado. Mando um beijo para o Yuri Romão e agradeço, mesmo que eu tenha achado que ele passou um pouco. A situação fugiu do controle. Como gestão de carreira, optei pelo passo a mais sem menosprezo nenhum ao Sport. Valorizo o Sport e quem sabe não volto pra lá?", completou.

Lisca já havia sido procurado por Andres Rueda. O presidente brincou que não daria nova oportunidade ao técnico.

"Tive uma conversa muito boa com o presidente Rueda, como há muito tempo não tinha. Fui muito bem recebido por ele. Tivemos outro contato daquela vez. Falou que se eu não viesse agora, não viria mais. É conquistar o elenco e todo o clube no dia a dia com meu conteúdo e trabalho. Faço há 32 anos, sei arrumar a equipe", afirmou.

No fim, Lisca falou sobre o apelido de "Doido" e brincou: "Sou doido pelo que faço. Não rasgo dinheiro, não como grama e não vão me ver nu na praia de Santos (risos)", concluiu.

Lisca deu o primeiro treino na manhã de hoje (21) e estreará contra o Fortaleza no domingo, no Castelão, pela 19ª e última rodada do primeiro turno do Campeonato Brasileiro.

O contrato de Lisca está nas normas básicas da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho): sem multa rescisória e prazo de validade. Ele é o sexto técnico da gestão Andres Rueda: antes trabalharam Cuca, Ariel Holan, Fernando Diniz, Fabio Carille e Fabián Bustos.