Ela é uma das musas mais desejadas do esporte brasileiro. Como se não bastasse, há algumas semanas, na China, conseguiu o segundo título de melhor jogadora do Grand Prix de vôlei feminino. Leila Gomes Barros, dona de uma carinha de anjo e de uma cortada diabólica, nasceu em 20 de setembro de 1971, em Brasília, onde ainda moram seus pais, Francisco Alves de Barros e Francisca Gomes de Barros. O irmão, Marcelo, de 17 anos, mora com Leila em Belo Horizonte e joga nas categorias inferiores do Atlético Mineiro.
Para os fãs, má notícia: Leila é casada. O marido é o empresário Gustavo Milani, com quem ela vive há sete anos. Feliz no casamento, bem sucedida no esporte e de bem com a vida, Leila conta que agora vive o seu melhor momento. ‘‘Como mulher e atleta, hoje estou muito bem e superfeliz.’
Ela terminou o segundo grau e, por causa do esporte, teve de deixar os estudos, mas ainda pensa em cursar jornalismo ou medicina veterinária. Antes, porém, tem outras metas a cumprir: ‘‘Quero ser campeã no Mundial, na Olimpíada e depois ter um filho.’’
Esculpida pela natureza e pelo esporte, Leila exibe um corpo de fazer inveja a muita estrela de TV, com 1,79 metro e insuperáveis 63 quilos. Tinha tudo para ser insuportável, mas tem simpatia de principiante. Seu currículo vencedor também é invejável. Começou a carreira profissional em 1992, pelo L’Aqua di Fiori, passou pelo BCN/Guarujá, pelo Minas Tênis Clube, MRV Suggar e atualmente defende o Leites Nestlé, de Jundiaí. Participou da seleção brasileira juvenil em 90/91 e está na adulta desde o final de 1991.
A seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha.
Folha - Como é ser, pela segunda vez, a melhor jogadora do Grand Prix?
Leila - É maravilhoso. Mas também é uma responsabilidade muito grande, principalmente para a Seleção Brasileira, que será muito exigida. Quanto a mim, estou feliz e quero continuar nesta forma.
Folha - Os chineses têm você como uma verdadeira heroína. Você foi considerada, além da melhor do torneio, também a mais simpática. Como é ser uma idolatrada no esporte do outro lado do mundo?
Leila - É muito bom saber que tem gente que gosta de você e admira seu trabalho do outro lado do planeta. Os chineses foram muito carinhosos comigo e demonstraram seu carinho com presentes. Saí da China com muitos presentes que a torcida me deu e fiquei muito contente.
Folha - Você é uma musa no esporte brasileiro e, como tal, poderia aproveitar mais a sua fama de mulher bonita. Você aceitaria saciar o desejo de seus fãs posando nua para uma revista?
Leila - Não, Nunca! Não tenho nada contra, acho o nu artístico muito bonito e tal, mas eu não gostaria de me ver pelada numa revista masculina. Independentemente do dinheiro que fosse ganhar não posaria. E acho que é por causa de minha formação. Sou filha de uma família tradicional nordestina, fui criada sob rígidas normas de convivência e educação. Acho que meu pai ficaria muito triste e meu marido também. E não preciso disso para viver. Não quero ficar rica às custas do meu corpo. Ainda que não conseguiria tanto dinheiro assim.
Folha - Sexo, drogas e rock and roll: como você convive com essas coisas?
Leila - Bom, no sexo comecei um pouco tarde já. Perdi minha virgindade com 19 para 20 anos e foi uma coisa bem legal. Drogas na minha vida nunca entraram. Ainda que no esporte role muita coisa, muita coisa mesmo. Mas nunca foi a minha praia, nunca gostei desta onda. De rock eu sempre gostei. Sempre fui de muita festa, badalação. Mas hoje estou numa fase bem light. Gosto muito de música e sempre ouço o que gosto. Se bem que prefiro sons mais antigos como Rolling Stones, Fleetwood Mac, U2, entre outros. O show do U2 no começo do ano foi fantástico. Desde a minha adolescência que gosto deles e fiquei muito feliz em vê-los no Brasil.
Folha - E o projeto de ser mãe no ano 2000?
Leila - É uma coisa que venho pensando há muito tempo e já está mesmo programado para depois das Olimpíadas de Sidney.
Folha - Depois da gravidez você acha que volta a atuar pela Seleção Brasileira?
Leila - Talvez. Mas acho meio difícil por causa da idade e da recuperação, que leva algum tempo. Quem sabe mais tarde, em algum clube. É que quero curtir muito a minha gravidez e o meu primeiro filho. Se for homem, ele vai se chamar Lucas. Se for mulher, o nome dela será Bárbara.
Folha - Você pretende jogar no exterior?
Leila - Até pretendo um dia, quem sabe... Mas não é um objetivo imediato. Acho que tenho outros planos; por enquanto quero ficar no Brasil. Estou numa grande equipe que é o Leites Nestlé, quero ajudar a equipe a voltar a ser campeã da Superliga, porque o nosso time tem condições, assim como outras grandes equipes como o Rexona, o Marco 20, entre outras. Hoje o voleibol nacional vive um grande momento. Existem equipes fortíssimas com grandes jogadoras, os patrocinadores estão obtendo um bom resultado e o Brasil já é um país top de linha neste esporte. E é por essas e outras que quero continuar no Brasil, servindo a seleção brasileira, pois ainda temos muito a conquistar.
Folha - No ano passado você teve uma séria contusão no ombro e não esteve muito bem na Superliga. Como foi essa virada?
Leila - Através do trabalho. Somente do trabalho. E na minha vida foi assim sempre. Tive que passar por cima de várias coisas na minha carreira e na minha vida pessoal. Quando comecei na Seleção, todo mundo falava que era muito baixa, que não conseguiria me adaptar, já que sou atacante. E com muito trabalho consegui superar tudo isto. No ano passado também foi igual. Ninguém dizia que conseguiria voltar em tão pouco tempo à seleção. O título de melhor jogadra na China foi uma resposta do trabalho contra a inveja das pessoas que não acreditavam em mim.
Folha - Como a Leila se sente hoje?
Leila - Muito bem. Na verdade, em minha melhor forma. Nunca estive tão feliz e realizada. Meu casamento está ótimo, amo meu marido e na minha carreira está tudo bem. Creio que tenho desempenhado um bom papel na seleção e os títulos que estão chegando são o coroamento de um trabalho sério e dedicado.
Folha - Quais são as chances do Brasil conquistar o inédito título do Campeonato Mundial de Vôlei, em novembro, no Japão?
Leila - São grandes. Grandes mesmo. Vivemos um bom momento no esporte, que já é o segundo mais apreciado pelos brasileiros. Tivemos uma grande reabilitação no Grand Prix. Depois as vitórias vieram e o título foi merecido. Para o Mundial, as coisas não vão ser fáceis, pois somos consideradas as favoritas. E é por isso que temos que trabalhar com muito mais vontade e chegar no Japão com humildade e seriedade. Sabemos que lá estarão as melhores seleções do planeta e conquistar este título inédito é um sonho para todas as jogadoras da seleção.
Folha - Como você vê essa renovação pela qual a seleção está passando neste momento?
Leila - Vejo com bons olhos, pois está surgindo outra geração de talento e muito vitoriosa. É o caso da Raquel, da Érika e também da Fofão, que já está há um bom tempo com a gente, mas nunca tinha tido oportunidade de ser titular por causa da boa fase de Fernanda Venturini. Como a Fernanda não foi ao Grand Prix, a Fofão teve uma ótima oportunidade e se saiu muito bem. Acredito que o Brasil tem muito a ganhar no voleibol ainda.
Folha - O Brasil vive uma crise econômica que parece assolar o mundo inteiro, principalmente a Ásia e a Rússia. Para sair dessa situação, a equipe econômica de FHC admite aumentar impostos depois das eleições. O que você acha disso? Você paga seus ipostos em dia?
Leila - Não acho justo que a crise dos outros afete nossa economia. Principalmente quando o remédio para o problema é o aumento de impostos, que interfere, e muito, na vida da população. Minhas contas quem administra é o meu marido e sei que ele é muito rigoroso, honesto e sempre paga em dia nossos impostos. Porém, ele sempre reclama. E com razão. Pois quando a gente precisa de polícia nunca tem. Saneamento básico não existe, a saúde está morta e a educação um caos. Pagamos impostos, mas não achamos que nossos governantes apliquem bem nosso dinheiro. E os pequenos empresários são os que mais sofrem com as promessas que os governantes fazem e não cumprem.
Folha - Você gosta de futebol?
Leila - Gosto, claro que gosto. Torço pro Vasco da Gama, o campeão da Libertadores e, se Deus quiser, futuro campeão mundial.Arquivo FolhaObjetivos traçadosLeila, carinha de anjo e cortada diabólica: ‘Quero ser campeã no Mundial, na Olímpiada e depois ter um filho’Marcos Freitas