BELO HORIZONTE, MG, E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - No pedido de liminar que fizeram à Justiça, os conselheiros do Cruzeiro alegaram que não tiveram conhecimento do contrato assinado entre o presidente do clube, Sérgio Santos Rodrigues e Ronaldo para a compra de 90% das ações da SAF, mostra o documento, ao qual a reportagem teve acesso. Assim, pediram o adiamento da reunião em 15 dias, até que as questões que envolvem o negócio sejam esclarecidas.

"Diante da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, identifico, nos limites dos documentos até então apresentados, a probabilidade do direito e o perigo de dano aos requerentes, Conselheiros Natos do Cruzeiro Esporte Clube. As matérias a serem votadas na reunião convocada são graves e envolvem vultoso valor monetário, exigindo conhecimento prévio dos termos dos documentos; avaliação de riscos; aprofundamento de análise jurídica (recuperação judicial ou extrajudicial, operação de crédito, operação imobiliária); verificação da competência para deliberação e tranquilidade/segurança para a votação", afirmou o juiz Bruno Teixeira Lino, da 28ª Vara Cível de Belo Horizonte.

A reunião desta segunda-feira (4), estava marcada para que os conselheiros do Cruzeiro deliberassem sobre a cessão das Toca I e II para a SAF, que assumiria assim as dívidas tributárias da associação. Este foi um pedido de Ronaldo para concretizar a negociação.

Outro ponto questionado pelos conselheiros é sobre o passivo do Cruzeiro, que terá de ser reestruturado e liquidado pelo próprio time. Segundo o grupo, há ainda a prerrogativa de que a associação terá de vender as sedes do clube e administrativa, localizadas no bairro do Barro Preto, em Belo Horizonte.

Apesar de se mostrarem surpresos com o pedido feito por Ronaldo, os conselheiros não são contra a cessão dos centros de treinamento nem à Recuperação Judicial proposta por Ronaldo. Mas lamentam que, neste modelo de negócio, o clube passará a ter apenas 10% da SAF, mas terá liquidado seu patrimônio, o que faria a associação perder força dentro da SAF. Por isso, acreditam que a negociação é lesiva ao Cruzeiro e que é necessário reequilibrar todas as questões envolvidas no negócio.

Ronaldo tem até 18 de abril para assinar o contrato de compra da SAF do Cruzeiro. Na mesma data, acaba a exclusividade dele para comprar as ações do clube, que pode voltar a ouvir propostas de outros interessados.