São Paulo, 14 (AE) - Tudo conforme o previsto: Eddie Irvine será o primeiro piloto da equipe Jaguar Racing, novo nome da Stewart-Ford, nas três próximas temporadas. O anúncio foi feito hoje no Salão do Automóvel de Frankfurt. O veterano inglês Johnny Herbert, de 35 anos, atual companheiro de Rubens Barrichello na Stewart, continuará na escuderia, como segundo de Irvine. "Nós venceremos nosso primeiro GP neste campeonato ou no do ano que vem e em 2001 seremos campeões do mundo", previu Jackie Stewart, que continuará dirigindo a organização. Dos 22 pilotos dos 11 times que competirão no próximo Mundial de Fórmula 1, só não são conhecidos agora um da Arrows e outro da Minardi.
Os 20 demais já têm presença confirmada no GP da Austrália, dia 13 de março, na abertura do campeonato do ano 2000. Eddie Irvine mostrou-se eufórico com a possibilidade de não ter mais de trabalhar para Michael Schumacher, o que faz na Ferrari desde 1996. "Esparava essa oportunidade há dois anos", disse. "Tenho muita sorte de estar envolvido nesse projeto tão fantástico", comentou o norte-irlandês, de 33 anos de idade.
"Eddie desejava sair da sombra de Michael", afirmou Jackie Stewart. "Conosco ele terá essa chance." Mas sua experiência na equipe italiana será muito útil, explicou Irvine. "Nós ajudamos a reconstruir a Ferrari, creio que posso, agora na Jaguar, aproveitar muito esse conhecimento."
O presidente da empresa inglesa, adquirida pela Ford em 1989, Wolfgang Reitzle, definiu o norte-irlandês como um "piloto dinâmico e que já demonstrou ser um ganhador." Apesar da festa, Irvine lembrou que sua prioridade é ser campeão do mundo ainda este ano. "A Jaguar representa o meu futuro, isso significa que vou dar tudo para conquistar o título para a Ferrari." Por trás de toda a orquestração do novo supertime da F-1 acha-se a Ford. Primeiro a empresa ofereceu, em 1996, imensos recursos técnicos e financeiros para Jackie Stewart montar a Stewart Grand Prix.
Depois a montadora norte-americana investiu cerca de U$ 60 milhões por temporada, em 1997, 1998 e neste ano para mantê-la. No último GP do Canadá, em junho, surpreendeu a F-1 ao oficializar a aquisição da equipe. O valor estimado da transação: U$ 120 milhões. Foi o negócio da vida de Jackie Stewart, porque a Ford montou seu time e depois o comprou, por um valor extremamente elevado. Ao mesmo tempo, para ter total controle da situação, conforme a política do seu atual presidente, Jacques Nasser, a montadora adquiriu também a Cosworth Engineering, empresa inglesa que historicamente projeta e constrói os motores para a Ford.
Para promover tudo isso, Nasser escolheu a divisão de carros de luxo da marca, a Jaguar, pela sua tradição no automobilismo. A Jaguar venceu nada menos de sete vezes a conceituada "24 Horas de Le Mans" e conquistou dois títulos mundiais de Esporte-Protótipos. "O passo seguinte mais lógico seria mesmo a F- 1", declarou Wolfgang Reitzle. Jackie Stewart recordou que no início de sua carreira, no começo dos anos 60, pilotou para a Jaguar, o famoso modelo E-Type. O seu irmão mais velho, Jimmy, também foi piloto da Jaguar, enquanto o pai dispunha de um modelo de série na Escócia.
O que a F-1 questiona agora é se o grupo técnico da Stewart, liderado por Gary Anderson, será capaz de conceber um carro eficiente, ainda que nem sempre resistente, como o deste ano. O modelo SF-03 de Rubinho é uma criação do engenheiro Alan Jenkins, hoje na Prost. Anderson, técnico sem formação acadêmica
apenas o desenvolveu.
TESTES - Mario Haberfeld, brasileiro da McLaren Júnior na F-3000, testou ontem em Magny-Cours um novo motor Mercedes no carro da equipe de F-1. Hoje é a vez de Enrique Bernoldi, da Sauber Júnior da F-3000, acelerar pela primeira vez, no mesmo circuito, o C18 usado pela Sauber na F-1.
BARRICHELLO - O piloto concede amanhã, em São Paulo, a primeira entrevista coletiva no Brasil depois de ser contratato pela Ferrari.