Escolher ser árbitro de futebol vai muito além de investir numa profissão ou carreira. Começa pela vocação e vontade de exercer uma função que não se consegue convencer ninguém pela escolha. Árbitro de futebol não é profissão, não tem estabilidade, não há contrato de trabalho, não tem auxílio em caso de lesão/contusão, não há garantia de escalas e nem aposentadoria. É um desejo de foro íntimo inexplicável.

A carreira também é curta. Quando se começa a apitar já é conhecida a idade em que terá a atividade encerrada, que acontece aos 50 anos. Mesmo que o nível técnico e a forma física sejam satisfatórios, não há exceção. Aí, para ter algum rendimento em função da arbitragem sobram campeonatos particulares, torneios paralelos ou convites aleatórios. Para poucos a atividade reserva um pouco de nobreza. São aqueles que chegam a quadros especiais e acabam tendo a experiência de participar de torneios intercontinentais e atuar numa Copa do Mundo.

A evolução da segurança e estádios no futebol possibilitou que hoje as histórias dos árbitros sejam mais relacionadas a erros e acertos dentro de campo. A proteção aumentou e praticamente não há mais, ao menos no profissional, árbitros saindo em carros da polícia ou presos por horas em vestiários após um jogo. Mas todo árbitro vai ter em sua carreira histórias para contar, daquelas que vai querer guardar e relembrar e as que podem ser esquecidas. Mas existirão muitas.

LEIA TAMBÉM:

Dinizismo
A bola parada

A falta de glamour e popularidade faz com que poucos tenham suas trajetórias registradas em livro. Não é comum, afinal não são populares e nem queridos para conquistarem essa audiência. Mas têm sua relevância, afinal sem um árbitro não há competição, não há jogo, não há campeonato. Um time pode jogar com atletas a menos, mas uma partida não acontece sem um árbitro.

E são algumas dessas histórias que Afonso Vitor de Oliveira conta no livro “Um apito, uma vida”, que será lançado nesta quinta-feira (18) na Livrarias Curitiba, do Shopping Catuaí, em Londrina. Afonso foi árbitro por quase três décadas pertencendo aos quadros Paranaense e nacional de arbitragem. Conhecer um pouco da carreira do Afonso é relembrar muitas histórias do futebol de um tempo bem diferente.

A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da FOLHA

Receba nossas notícias direto no seu celular. Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.