Você já deve ter se deparado com inúmeras histórias que se encaixam naquela famosa frase “as voltas que o mundo dá”. E no esporte não é diferente. A atleta de halterofilismo Marcia Menezes viu no retorno à sua cidade natal a oportunidade de não desistir dos seus sonhos, mesmo em um cenário onde tudo parecia estar contra ela.

Imagem ilustrativa da imagem Halterofilista se reencontra após retorno a Londrina e mira Paris-2024
| Foto: Daniel Zappe/CPB/MPIX

Marcia conta à FOLHA que estava há seis anos morando em Itu (SP), onde treinava no Centro de Referência do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Neste período, foram onze medalhas internacionais conquistadas - inclusive a do Mundial em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2014 - que a consagraram como a primeira atleta do país a ganhar uma medalha em Mundiais da categoria. "Foi aí que a modalidade começou a crescer", comenta a londrinense, que disputou as Paralimpíadas de Londres-2012 e Rio-2016.

No entanto, essa ascensão foi freada, segundo ela, quando, em 2019, no caminho para os Jogos de Tóquio, o CPB realizou cortes de atletas que disputariam o Mundial no Cazaquistão, torneio preparatório para as Paralimpíadas. Marcia era a nona colocada no ranking mundial, do qual os dez melhores iriam para o Japão. Com as mudanças, apenas os oito primeiros do ranking se classificaram. "Eu teria chance em uma provável seletiva, o que não ocorreu devido à pandemia", explica.

Com o corte, patrocínios não foram renovados e bolsas de incentivo, perdidas. Sem vínculo com o Comitê, a paratleta diz ter arrumado as malas e decidido voltar a Londrina, em setembro de 2019. "Mesmo com esse tempo fora, nunca deixei de representar a minha cidade. Eu esperava voltar, mas não desta forma", afirma Marcia, que confessa até ter pensado em aposentadoria. "Perdi meus rendimentos. Precisava me sustentar. Dar um rumo na minha vida".

E foi na volta em solo pé-vermelho que Marcia se reencontrou. Numa reunião, conheceu a fundadora do Instituto Pernas Preciosas, Angelita Lima, que a incentivou a continuar no esporte, sendo também treinadora da equipe de halterofilismo da ONG, que ampliou de seis para 12 o número de paratletas, e arrumou espaço e equipamentos novos. "A equipe estava esquecida, e eu precisava reverter essa situação. Por mim e por eles”. Hoje, o Instituto tem até fila de espera para ingresso na modalidade. “Quando veio a pandemia, tive tempo de descansar e colocar a cabeça no lugar. Para quem estava pensando em desistir, resolvi continuar por quem me incentivou”, relata Marcia, que agradeceu também a Vanessa de Oliveira Fernandes, técnica da equipe de halterofilismo de Londrina desde 2012.

DE OLHO EM PARIS-2024

Aos 54 anos, Marcia disputou recentemente um torneio em St. Louis, no estado norte-americano do Missouri, onde ganhou mais seis medalhas, sendo quatro de prata e duas de bronze, além de contar pontos para o ranking mundial, no qual a paratleta londrinense quer se manter no top-10 e se classificar para os Jogos Paralímpicos de Paris-2024. Para isso, também será necessário alcançar o topo do ranking nacional, onde está atualmente na segunda colocação. “O Parapan-Americano de Santiago no Chile e o Campeonato Aberto de Dubai, ambos em 2023, serão minhas chances de melhorar minha marca e alcançar Paris”, finaliza. Sua melhor marca é 115kg, na categoria sênior acima de 86kg.

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