Paris, 16 (AE) - "O guerreiro está ferido, mas não morreu", afirmou Ronaldinho respondendo a uma das perguntas encaminhadas hoje pelos jornalistas brasileiros que acompanham sua recuperação no Hospital La Pitié Salpetriére, em Paris. Ronaldo aceitou responder por escrito, através do seu assessor de imprensa, Rodrigo Paiva, tendo também respondido a algumas perguntas dos colegas italianos.
Pela primeira vez, Ronaldinho descreveu o lance que provocou na última quarta feira, no Estádio Olímpico de Roma, a nova ruptura do tendão de seu joelho direito: "Senti como se fosse uma pedrada ou um chute muito forte por trás e tive a convicção de que se tratava do tendão. Cheguei a olhar para ver se havia alguém ao meu lado, mas vi que estava só. Pensei no meu filho, na minha mulher e nos meus amigos, em todos os que estavam ali me vendo. Meu desespero foi enorme, mas agora já passou e só quero pensar no futuro".
Ronaldo, que manifestou seu desejo de ter um novo filho com Milene dentro de um ano e meio, está emocionado com o número de mensagens de apoio que tem recebido de todo o mundo, o que o estimula a enfrentar esse novo e longo período de reeducação. "Sabia que era querido, mas não imaginava que era tanto. Fiquei muito emocionado com o apoio que tenho recebido. Por isso digo e repito; o guerreiro está ferido, mas não morreu e vai retribuir todo esse carinho que tem recebido. Não sei quando, mas só sei que vou".
Ronaldinho não hesitou também em responder a polêmica questão sobre sua volta precipitada provocada pelos médicos e fisioterapeutas, tendo defendido a equipe médica que será também a responsável por essa segunda fase da reeducação: "Eu estava bem. Fiz tudo que tinha que fazer. Não sentia dores e estava tranquilo. Acho normal que pensem essas coisas, mas confio em todos eles, tanto que o Dr. Saillant me deu liberdade se eu quisesse procurar um outro médico. Ele me disse também que vou voltar a jogar".
Finalmente indagado o que será mais importante para voltar a sentir a mesma segurança anterior quando voltará aos campos de futebol, Ronaldo disse que não sabe, mas acha que isso virá normalmente: "Com o tempo e os treinos a confiança vai voltar".
Os jornalistas italianos quiseram saber se ele se considerava vítima do futebol moderno, como afirmou Michel Platini, tendo afirmado que também é favorável a uma mudança do calendário, diante do excesso de jogos, mas lembrou que sua contusão não foi provocada por ele. Sobre o que pretende fazer nos próximos meses deixou claro que sua única e grande preocupação é cumprir o programa de reeducação preparado pelo Dr. Saillant e o fiseoterapeuta Filé.
Ainda nas suas respostas aos jornalistas italianos, Ronaldo defendeu a equipe médica, eximindo-a de qualquer culpa: "Vou cumprir ao pé da letra o programa do médico e do fisioterapeuta com a confiança que sempre depositei neles e com a certeza que eles fizeram tudo certo da primeira vez".
Quanto a possibilidade de mudar sua forma de jogar, ele foi taxativo: "Não mudarei nunca, pois vejo o futebol de uma forma alegre e serena e não vejo porque parar de conviver com o sorriso". Finalmente, perguntado se na hora do acidente ficou com raiva de alguém afirmou que só ficou com raiva da infelicidade.