PORTO ALEGRE, RS (UOL-FOLHAPRESS) - O ônibus da delegação do Grêmio foi atingido por uma pedra enorme e barras de ferro na altura da avenida Edvaldo Pereira Paiva, com a rua Fernandão, na chegada ao Beira-Rio, para o Gre-Nal deste sábado (26), previsto para 19h, pela nona rodada do Campeonato Gaúcho. Alguns jogadores ficaram feridos e o volante paraguaio Villasanti precisou ser encaminhado ao hospital "Moinhos de Vento" com ferimentos no rosto, no pescoço e nas pernas. Thiago Santos e Victor Bobsin também se machucaram, mas com menos gravidade.

A janela do ônibus foi quebrada e Villasanti foi o mais atingido pelos estilhaços. De acordo com relatos colhidos pela reportagem do UOL Esporte, o ataque ocorreu já nas cercanias do estádio e teria sido feito por torcedores do Inter. Segundo informações, outros objetos foram atirados contra o ônibus, mas o estrago e os ferimentos foram causados por uma pedra grande.

Por conta do atentado, o Grêmio, por meio do presidente Romildo Bolzan, avisou a Federação Gaúcha de Futebol que não jogará o clássico Gre-Nal e irá embora do Beira-Rio. Pelo ocorrido, o clube se manifestou oficialmente para não atuar no duelo da nona rodada do Gauchão, mas a decisão final será tomada pela Federação Gaúcha de Futebol.

No vestiário, junto dos jogadores, o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, conversou com o árbitro da partida, Leandro Vuaden, enquanto a polícia montava um cordão de isolamento para a saída do ônibus do Grêmio e afastava torcedores do Internacional, que estavam xingando os jogadores, do local onde o ônibus passaria.

O Grêmio nem chegou a aquecer em campo e, segundo o UOL Esporte apurou, o clube já guardou seus equipamentos de jogo como: bolas, uniformes, chuteiras e afins para ir embora.

O presidente Romildo Bolzan, ao SporTV, deu mais detalhes do momento do atentado e reiterou a posição do Grêmio:

"Nós estávamos em frente ao estádio, já adentrando no estacionamento, e foram dois estouros: o primeiro por uma barra de ferro e o segundo por uma pedra. Foi um susto, mas ninguém viu a consequência. Depois, vimos que jogadores estavam com estilhaços. Parte do rosto do Villasanti foi atingido, ele ficou muito atordoado. O Grêmio já tomou todas as providências neste sentido, já fez as medicações. O Campaz teve também uma situação de tontura porque bateu a cabeça, mas não está com risco de ir para o hospital. O Grêmio viu que seus jogadores estão bem, e esses foram os fatos que nos levam a situação de não jogar. A primeira é por falta de segurança, e a segunda é porque houve desequilíbrio, são dois jogadores que não poderão jogar, um deles titular. Terceiro, o abalo emocional dos jogadores. Todo mundo ficou muito triste. O Grêmio está em uma posição de justa causa muito clara, não vamos jogar, já fizemos a comunicação oficial ao delegado do jogo. Vamos aguardar a chegada do presidente da federação aqui, mas é certo que o Grêmio não joga. Não vamos mais fazer nenhuma situação de jogo hoje."

O presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Luciano Hocsman, que estava acompanhando o clássico entre Juventude e Caxias, está indo para o Beira-Rio para conversar com Romildo Bolzan sobre a não participação no jogo, segundo o UOL Esporte apurou. Resta ver se o presidente e a delegação gremista estarão no estádio quando Hocsman chegar.

Sobre a conversa com o presidente da Federação Gaúcha de Futebol e a saída do Beira-Rio, Romildo Bolzan disse ao SporTV:

"Por nos, já tínhamos ido embora. Já fizemos todas as comunicações formais que tínhamos de fazer. Como o presidente da federação pediu para esperarmos, vamos fazer. Mas por mim, tínhamos ido embora já. O Grêmio já fez o B.O, mostrou o instrumento que causou o fato, já se manifestou formalmente que não vai jogar em função da justa causa, que está muito clara. Comunicamos a arbitragem que não vamos entrar. O Grêmio não se sente seguro [para sair do estádio], creio que nem a torcida se sinta segura. A Brigada estava ao lado do ônibus, foi na frente do estádio. Nós passamos e fomos embora. O que a brigada pôde fazer, eu não sei. É um basalto rosado e pesado e uma barra de ferro tão pesada quanto. Se cai na cabeça de alguém, é um estrago tremendo. É uma estupidez."

É preciso ressaltar também que, os médicos e enfermeiros do Grêmio não estão mais disponíveis para atuar em uma eventual partida, já que acompanharam Villasanti ao hospital Moinhos de Vento.

Em pronunciamento, o presidente do Internacional, Alessandro Barcellos, se solidarizou com o Grêmio e concordou com a não realização da partida:

"O Internacional vem aqui manifestar com veemência a sua contrariedade à esta violência que vem acontecendo de forma constante no Brasil. Não concordamos com este tipo de episódio, é lamentável que isso tenha acontecido. O Inter vai contribuir de todas as formas para que seja localizado e identificado aqueles que fizeram isso. O Inter concorda com a não realização da partida, mas o Inter está preocupado com o desequilíbrio do campeonato, porque assim como tem hoje o possível desequilíbrio, isso também gerará outros desequilíbrios, e queremos tratar isso de forma muito serena com a federação para que a gente possa garantir a continuidade do campeonato com o equilíbrio técnico que a gente espera. Lamentamos e condenamos a violência, hoje foi de um lado, amanhã pode ser de outro. A imprensa passa o tempo todo, também provocando, às vezes internamente, e depois lamentam os episódios."

No último confronto entre as equipes, em novembro, houve muita confusão após a vitória do Inter por 1 a 0. Patrick (atualmente no São Paulo pegou caixões dos torcedores, em alusão ao mau momento do Tricolor, que foi rebaixado no último Brasileirão.

O Grêmio lidera o Estadual, com 17 pontos, enquanto o Colorado fecha ao G4 do torneio, com 12 pontos.,