Atletas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão em Londrina disputando os jogos do 10º Regional Sul de Goalball, modalidade paradesportiva voltada para deficientes visuais. Ao todo, 65 esportistas, entre homens e mulheres, buscam vagas para as séries A e B do Campeonato Brasileiro, no ginásio de esportes do Colégio Estadual Vicente Rijo, no centro da cidade.

De Londrina, são 10 atletas divididos em duas equipes que representam os Institutos Roberto Miranda e Pernas Preciosas. Comandados pelo técnico Márcio Rafael da Silva, os jogadores têm entre 15 e 65 anos e estão perto de chegar às finais, que serão disputadas no domingo (5), a partir das 9h.

A modalidade paradesportiva é voltada para cegos e pessoas com baixa visão. Para que todos entrem em quadra em condições iguais, os atletas usam óculos e se localizam por meio de linhas vermelhas, que cobrem fios de barbante para que se tornem táteis. Dentro da bola, um guizo (espécie de pequeno chocalho) ajuda na orientação dos jogadores.

Imagem ilustrativa da imagem Goalball reúne mais de 60 atletas com deficiência visual em Londrina
| Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

De acordo com a Rede do Esporte, página do Governo Federal dedicada aos esportes, o Goalball começou a ser praticado no Brasil em 1985 e hoje, a seleção nacional masculina é considerada a melhor equipe mundial na modalidade. O esporte foi criado em 1946 pelo austríaco Hanz Lorezen e o alemão Sepp Reindle, para ser disputado pelos veteranos da Segunda Guerra Mundial, que haviam perdido a visão.

Desde então, a modalidade vem ganhando espaço, transformando vidas e conquistando mais adeptos e mulheres. “Eu conheci o Goalball há mais de nove anos, através de uma professora que tinha amigas que jogavam. A cada partida eu gosto mais de jogar. Me traz uma alegria muito grande, além de saúde. Se não fosse esse esporte, eu estaria em casa. Foi através dele que eu renasci”, comenta Maria Eloir Barbosa Gritti, 56. Ela mora em Francisco Beltrão (Sudoeste) e perdeu a visão aos 37 anos, devido a uma inflamação no nervo ótico. “Os deficientes visuais são, em sua maioria, segregados pela sociedade e o esporte faz com que sejam reconhecidos, tenham saúde e uma vida autônoma”, completa Silva, que também é auxiliar técnico da seleção brasileira feminina de Goalball.

"Se não fosse esse esporte, eu estaria em casa. Foi através dele que eu renasci”, Maria Eloir Barbosa Gritti, 56
"Se não fosse esse esporte, eu estaria em casa. Foi através dele que eu renasci”, Maria Eloir Barbosa Gritti, 56 | Foto: Micaela Orikasa - Grupo Folha

O JOGO

O Goalball é disputado por equipes de três jogadores, em uma quadra de espaço similar à de vôlei (nove metros de largura por 18 de comprimento). Ao fundo de cada lado, localizam-se duas balizas, que abrangem todo o comprimento da quadra, medindo nove metros de largura por um metro e trinta centímetros de altura.

Os atletas de cada equipe ficam restritos a uma área de seis metros à frente da baliza que defendem, de modo que não há qualquer contato com os oponentes. Os atletas arremessam a bola para o outro lado, tendo como objetivo fazer com que ela ultrapasse o fundo da quadra adversária, entrando assim nas balizas. Em sua trajetória, a bola precisa obrigatoriamente tocar linhas predeterminadas, de modo que ela chegue ao gol adversário junto ao chão.

O jogo é disputado em dois tempos de 12 minutos cada, mas quando um dos times abre 10 pontos de diferença, o jogo é encerrado.

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INCENTIVO

Silva lembrou que, das nove edições do Regional Sul já disputadas, o time londrinense foi campeão em quatro ocasiões. Os times londrinenses contam com o apoio da FEL (Fundação de Esportes de Londrina), por meio do Feipe (Fundo Especial de Incentivo a Projetos Esportivos) para fomentar a modalidade.

“Buscamos fomentar cada vez mais todas as modalidades disputadas nos Parajaps (Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná) porque entendemos que esse apoio não impacta somente a pessoa com deficiência, mas a família toda e são exemplos para outras pessoas, especialmente crianças e jovens”, diz o presidente da FEL, Marcelo Oguido.

O assessor de Esportes e Eventos da FEL, Sandro Henrique dos Santos, conta que a parceria entre a Prefeitura e o Instituto Roberto Miranda já existe há anos. A entidade filantrópica de auxílio a pessoas com deficiência visual, envolve os educandos na prática de Goalball há cerca de 15 anos e atrai atletas de fora também. Como Reginaldo Marques Muritiba, 36, que mora em São José do Rio Preto (SP).

Ele vem a Londrina a cada 15 dias para treinar e conheceu o esporte há três anos. “Sempre pratiquei esportes convencionais, mas como minha deficiência visual é degenerativa, cheguei a ficar um tempo sedentário porque já não me encaixava em nenhuma modalidade na qual estava acostumado. Fui perdendo cada vez mais a visão até que um dia me falaram do Goalball e eu conheci o Márcio, do Instituto Roberto Miranda, e me encontrei. É uma modalidade específica para mim”, afirma.

O torneio terá partidas nesta sexta, sábado e domingo, das 9h às 17h, no Colégio Estadual Vicente Rijo, que fica na avenida Juscelino Kubitscheck, 2.372. A entrada é franca. (Com N.Com)

Serviço: As tabelas e detalhes sobre o torneio estão disponíveis para acesso no site da CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais).

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