São Paulo - Após o sonhado descanso e toda a curtição das festividades após as Olimpíadas de Paris, a equipe feminina de ginástica artística se prepara para o novo ciclo rumo à Los Angeles-2028. Em conversa com a reportagem, as atletas falaram sobre a rotina e o que esperam para os próximos quatro anos.

Uma das principais preocupações para a abertura dos treinos de 2025 é a atualização do código de pontuação de Federação Internacional de Ginástica (FIG). Todos os anos, o comitê técnico da entidade avalia a modalidade e debate possíveis ajustes que refletem, muitas vezes, na mudança do valor de um determinado elemento ou requisito para a validação de um elemento específico.

"Faltam quatro anos para Los Angeles e temos, primeiro, essa questão da atualização do código, que é bem importante. Tem que ver agora o que o código pede e adaptar as séries a ele", comentou Jade Barbosa.

Outro ponto destacado pela ginasta mais experiente da seleção feminina é a renovação da equipe. Medalhista olímpica e mundial, Jade exaltou a chegada de atletas mais novas pensando já na preparação para o Mundial e a briga de vagas para as Olimpíadas, que começa em 2026.

"Nós começaremos um ciclo com bastante inovação, eu fico muito feliz com isso. É momento de aproveitar essa nova geração, introduzi-las ao cenário competitivo mundial e ao mesmo tempo mesclá-las com essa geração mais experiente, para que elas realmente consigam atingir essa experiência de uma forma mais rápida. Ano que vem já temos um mundial, mas ele ainda não classifica para a Olimpíada, só que a partir de 2026, as vagas entram em disputa", comentou Jade.

"Então, as primeiras três equipes do Mundial já classificam direto. Acho que a gente gostaria de tentar essa vaga já em 2026, porque acaba ficando mais fácil treinar classificada já para as Olimpíadas", acrescentou Jade.

INTERESSE NA GINÁSTICA

O sucesso da ginástica brasileira nos últimos anos atingiu jovens meninas que sonham em se tornar atletas como Jade Barbosa, Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Julia Soares e Lorrane Oliveira. Realizadas, as meninas entendem o tamanho da responsabilidade ao influenciar tanta gente espalhada pelo Brasil.

"Fico muito feliz por inspirar jovens e crianças. Sei da importância disso e espero poder ser a mesma referência para eles que a Daiane [dos Santos] foi para mim. Quando eu era pequena, era na Dai que eu me inspirava, era o meu espelho, quem eu queria ser", destacou Rebeca Andrade

"Eu estou curtindo muito essa fase que eu estou vivendo e espero poder influenciar as meninas mais novas, mas sei que eu ainda tenho muita coisa para evoluir e aprender também, e assim todos crescem juntos na ginástica", comentou Flávia Saraiva.

Jade Barbosa entende que a ginástica brasileira precisa se preparar para receber tantos jovens que se interessaram pela modalidade. A atleta brasileira ainda falou sobre a importância da união e de uma base familiar forte em volta de uma criança que deseja entrar para o mundo do alto rendimento.

"Após as Olimpíadas, nós tivemos realmente uma procura enorme de crianças pela modalidade e acho que a gente também tem que se preparar para conseguir dar estrutura para essa geração que está começando, que está entrando agora... É importante dar estrutura para que elas consigam ter bastante aproveitamento", destacou.

"O que eu diria para uma família que está levando filho ou filha para ginástica é que eles tenham realmente consciência que o esporte precisa de muita disciplina. Sempre agradeço muito ao meu pai por ter me dado a oportunidade de começar nesse esporte e por ele se sacrificar para que eu pudesse investir nos meus sonhos. É importante que os pais entendam esse cenário. Muitas vezes, a família vai ter que se desdobrar toda para poder estar presente. A criança está muito animada, ela vai fazer o que for preciso, mas eu acredito que você precisa muito dessa base familiar para começar e para seguir a carreira inteira", falou Jade.