Imagem ilustrativa da imagem Ginástica, judô e mulheres carregam Brasil em Paris

São Paulo - A participação brasileira em Paris-2024 marcou a hegemonia inédita das mulheres nos pódios na primeira edição com paridade de gênero. A ginástica artística e o judô foram, disparados, os principais destaques positivos, com quatro medalhas cada - com os ouros de Rebeca Andrade e Bia Souza. Os Jogos Olímpicos de Paris terminaram neste domingo (11) com a festa de encerramento no Stade de France com a passagem da tocha olímpica para Los Angeles, sede da próximo Olimpíada.

Com Ana Patrícia e Duda recolocando o país no lugar mais alto do pódio após duas décadas nas areias, o país também teve, pela primeira vez, as mulheres como as responsáveis por todos os ouros. Das 20 medalhas em Paris-2024, 12 foram em modalidades femininas e uma mista (judô).

A natação e o boxe, por outro lado, com apenas uma medalha na França, registraram as piores marcas desde Seoul-1988 e Pequim-2008, acendendo um sinal de alerta para Los Angeles-2028.

REBECA RECORDISTA

Maior protagonista do Brasil na França, a ginasta guarulhense Rebeca Andrade liderou o quadro de medalhas do país ao levar sozinha o ouro no solo e a prata no individual geral e no salto, em uma das grandes rivalidades dos Jogos com Simone Biles.

Ao lado de Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira, ainda ajudou na conquista do inédito bronze por equipes. As medalhas levaram Rebeca ao posto de maior medalhista do Brasil em Olimpíadas.

Foi a melhor campanha considerando tanto o número de medalhas, superando a Rio-2016 (3), quanto a posição no pódio, acima de Tóquio-2020 (um ouro e uma prata).

JUDÔ

Quem também regressa ao país maior do que havia saído é a judoca Bia Souza. Em sua estreia nos Jogos, liderou o judô brasileiro com o ouro na categoria +78 kg e as vitórias em três das quatro lutas na disputa por equipes que rendeu o bronze inédito.

Com a prata de Willian Lima (-66 kg), e o bronze de Larissa Pimenta (-52 kg), o Brasil superou a melhor campanha até então, de Londres-2012 --um ouro de Sarah Menezes e três bronzes de Felipe Kitadai, Mayra Aguiar e Rafael Silva.

O judô lidera o quadro de medalhas do Brasil em Olimpíadas, com 28, seguido pelo vôlei, com 26, e o atletismo, com 21.

VÔLEI DE PRAIA

Nas areias da arena com a Dama de Ferro ao fundo, a dupla líder do ranking Ana Patrícia e Duda confirmou o favoritismo em uma campanha com 100% de aproveitamento - sete vitórias em sete jogos -, e apenas dois sets perdidos, colocando o Brasil novamente no pódio após a ausência em Tóquio-2020 pela primeira vez desde Atlanta-1996.

O último ouro do Brasil nas areias entre as mulheres havia sido justamente em 1996, com Sandra Pires e Jaqueline Silva. No masculino, Ricardo e Emanuel venceram em Atenas-2004.

NATAÇÃO

Com a presença em apenas quatro finais, a natação brasileira fez sua pior campanha desde Seul-1988, quando o país alcançou somente uma final, com Rogério Romero (oitavo nos 200 m costas).

Em Tóquio-2020, foram seis finais e dois bronzes, com Bruno Fratus nos 50 m livre e Fernando Scheffer nos 200 m livre. Em Paris-2024, o melhor resultado foi com Guilherme Costa, o Cachorrão, 5º nos 400 m livre.

As outras três finais foram no feminino, com Mafê Costa nos 400 m livre e Beatriz Dizotti nos 1.500 m livre, além do revezamento 4x200m. Em todas, o Brasil terminou em 7º.

BOXE

Com o bronze solitário da campeã mundial Bia Ferreira (-60 kg), o boxe teve a pior campanha desde Pequim-2008, quando voltou sem pódios. Desde então, foram três bronzes em Londres-2012, um ouro na Rio-2016 e um ouro, uma prata e um bronze em Tóquio-2020.

SURF E SKATE

Nas ondas perigosas e tubulares de Teahupo´o, embora o ouro não tenha vindo, Tatiana Weston-Webb conquistou um resultado histórico para o surfe feminino, enquanto Gabriel Medina comemorou o bronze após a eliminação em uma bateria sem ondas.

Nas pistas da Arena La Concorde, os bronzes de Rayssa Leal no street e de Augusto Akio, o Japinha, no park, colocaram o skate, recém-incluído nos Jogos, já como uma das modalidades mais vitoriosas do Brasil.

EUA ALGOZES

Se o Japão foi o principal algoz do Brasil no início dos Jogos em Paris, na reta final do evento foi a seleção dos EUA quem mais atrapalhou a briga brasileira pelo pódio.

No vôlei de quadra, as derrotas foram tanto no masculino quanto no feminino, nas quartas e semifinais, respectivamente.

A seleção feminina venceu os quatro jogos e não perdeu nenhum set até a revanche da final de Tóquio-2020 contra as norte-americanas, em uma campanha liderada pela capitã Gabi Guimarães e a central Thaisa.

Já a masculina teve derrotas na fase de grupos para Itália e Polônia e uma única vitória na competição contra a seleção egípcia. Foi o pior resultado do vôlei de quadra desde Sydney-2000, quando o Brasil também voltou com apenas um bronze.

Já a feminina de futebol foi derrotada pelos EUA em uma final olímpica pela terceira vez, repetindo Atenas-2004 e Pequim-2008.

Apesar da derrota, conquistou vitórias importantes - e inesperadas - contra a anfitriã França (1 x 0) e a campeã mundial Espanha (4 x 2).

A competição marcou a despedida de Marta em Olimpíadas após seis participações e 13 gols.

ISAQUIAS

Campeão olímpico em Tóquio-2020, Isaquias Queiroz se recuperou do último lugar na final da C2 500 m com Jacky Godmann e, com uma arrancada histórica, conquistou a prata na C1 1.000 m.

Foi a quinta medalha olímpica do baiano de Ubaitaba, igualando o recorde de Robert Scheidt e Torbel Grael no número total de pódios.

NETINHO

Vice-campeão mundial em 2022 e campeão dos Jogos Pan-Americanos em Lima-2019 (individual) e Santiago-2023 (equipes), Edival Pontes, o Netinho, foi o responsável pela conquista da terceira medalha de bronze do taekwondo brasileiro em Olimpíadas.

PIU

Em sua quarta participação olímpica, Caio Bonfim, que já era dono da melhor marca do Brasil na marcha atlética, com o quarto lugar na Rio-2016, conquistou a prata inédita no percurso de 20 km pelas ruas da capital francesa. Foi a melhor colocação do Brasil em uma prova de rua desde o bronze de Vanderlei Cordeiro de Lima na maratona, em Atenas-2004.

Já Alison dos Santos, o Piu, ao repetir o bronze na final dos 400 m com barreiras na pista roxa do Stade de France, tornou-se o sexto brasileiro a conquistar duas medalhas olímpicas em provas individuais de atletismo.