Ribeirão Preto, 8 (AE) - As grandes empresas multinacionais entram com milhões de dólares nos maiores clubes do futebol brasileiro, administrando até mais de um, contrariando até a legislação. Já as empresas do interior paulista investem em seus nichos de mercado, sem ousados investimentos. Exploram suas imagens no consumo regional e não pensam em saltos enormes. Não alardeiam os valores aplicados, mas garantem: há retorno.
A Fischer, líder na produção de fruta in natura (laranja e maçã) do País, patrocina a Matonense desde 1998 e, após contabilizar aumento real de até 12% nas vendas em 1999, participará agora das contratações e demissões do clube, além de pagar 50% dos bichos.
A empresa já vendia seus produtos em várias capitais - e bem -, mas precisava investir no interior paulista. "Só isso, no entanto, não resolve", alerta o gerente administrativo da Fischer, Márcio Camargo Ziglio. Numa série de ações, colocou vendedores no interior e personalizou maçãs e caminhões. Ziglio informa que o investimento, em 1999, foi de 1% do faturamento da empresa.
Qual a vantagem em investir num pequeno clube? "A Matonense tem a simpatia como segundo clube dos torcedores dos grandes." Diante do bom resultado, a Fischer estuda propostas para investir no vôlei e no basquete, ambos no interior, e no automobilismo.
O América e o Rio Preto, ambos de São José do Rio Preto, além de terem sido campeões em 1999, respectivamente das séries A2 e A3, têm outra coisa em comum: assim como o vizinho Mirassol
foram patrocinados pelo grupo áureo Ferreira, que detém as marcas Auferville, Moto Rio e Banco Interior de São Paulo. As três marcas ocuparam mangas, costas e peitos das camisas. "A mídia espontânea ajudou muito", afirma a gerente de marketing, Nize Helena Gonçalves. Até luta de braço foi patrocinada. "Esse marketing é um filão."
O investimento de áureo Ferreira, o maior produtor individual de café do Brasil (31 milhões de pés plantados em 55 fazendas), foi de pelo menos R$ 250 mil. O retorno não foi quantificado, mas os contratos para 2000 serão renegociados.
Com menor "poder de fogo", a Predilecta, de Matão, que produz extrato de tomate, goiabada e conservas alimentícias, também patrocinou três clubes de futebol - Ferroviária (A3), Barretos (B1A) e Santarritense (B1B), de Santa Rita do Passa Quatro - em 1999, injetando R$ 180 mil. Segundo o diretor industrial da Predilecta, Auro Ninelli, o objetivo foi alcançado: aumento de até 30% em vendas nas regiões trabalhadas. Em 1997, quando a Matonense foi campeã da Série A2, o patrocínio era da Predilecta.