Filipe Luis lembra ambiente no Flamengo com Sampaoli e relação direta com Gabi
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sábado, 09 de dezembro de 2023
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - O ex-lateral Filipe Luís lembrou a passagem de diversos treinadores no Flamengo, desde 2019, e apontou que o clima do elenco com Jorge Sampaoli ficou pesado após o episódio de agressão em Pedro. Ele também falou sobre a relação direta que teve com o atacante Gabigol.
Filipe Luís se aposentou dos gramados ao fim desta temporada e se prepara para seguir carreira fora das quatro linhas. Ele chegou ao Rubro-Negro em 2019, e ganhou inúmeros títulos, como duas Libertadores, dois Brasileiros, Copa do Brasil, dentre outros.
O ex-jogador falou ao "Charla Podcast" e fez uma análise dos técnicos com os quais trabalhou no Fla neste período. Ele avaliou que o clube "não estava preparado para a troca" quando Jorge Jesus saiu.
"O clube não estava preparado para a troca. Estava feito para Jorge Jesus, do jeito dele, e, de repente, você tem de mudar tudo. Eu não acho que erraram, era insustentável, os caras não aguentavam mais. Como iriam manter um treinador que ninguém aguentava mais", comentou Filipe Luis.
"O Domenec poderia ser o Guardiola. Depois do Jorge Jesus, era muito difícil que ele tivesse dado certo. Eu e todo mundo comparávamos tudo. Era tudo aos trancos e barrancos. Trocaram, porque a torcida não queria mais. Veio o Rogério, ganhamos o Brasileiro, Supercopa, Estadual... Lesões, time perdendo, não dá mais, trocaram. Renato veio, bem demais, recuperou os jogadores, perdeu a final, não vale nada, trocou de novo", prosseguiu.
O Flamengo contratou o português Paulo Sousa após a demissão de Renato. "Veio o Paulo Sousa, foi muito difícil, veio com uma ideia pré-concebida, uma coisa determinada na cabeça dele e não deixou o campo falar. Time não estava bem, as pessoas não sabem o que é o Flamengo, é um clube muito difícil, Dorival já sabe, arrumou o time. No final, o time caiu um pouco, mas é difícil."
Em relação a Vítor Pereira, Filipe Luis lembrou o pouco tempo até os primeiros desafios. "O Vítor Pereira, um mês depois de treino, vem a Supercopa e perde. Se tivesse ganho, o Mundial de Clubes seria diferente. Quando você começa a perder muito, seu trabalho perde credibilidade, você mesmo para de confiar no grupo, vê fantasmas... torcida não aguentava mais o Vítor Pereira. Até acho que ele em outro contexto teria dado certo", completou.
O ex-camisa 16 revelou que o ambiente do elenco com Paulo Sousa não era bom, e avaliou que Sampaoli teve falhas na gestão do grupo. "Paulo Sousa estava super difícil, todo mundo puto com ele. Lembro do Diego chegar no meu quarto e falar: 'Eestá todo mundo puto com ele, mas vamos lutar até o final, porque é o que diz o nosso caráter'", contou.
"Não deu certo, mas o Paulo Sousa não dava mais. Naquele momento que ele foi mandado embora, era preocupante a nossa situação, perto da zona de rebaixamento. Talvez, se tivessem trazido várias contratações para ele. O Sampaoli, o conteúdo dele era espetacular, a gestão de grupo dele não foi boa."
Ele também comentou o caso de agressão de Pablo Fernandéz, preparador de Jorge Sampaoli, em Pedro. "Aconteceu aquele desastre do Pablo com o Pedro. Estava a uns dois metros, ninguém acreditou. O Pedro não fez nada para ela, não foi falar para ele... Simplesmente não quis aquecer, mais nada. E o cara chega e faz aquilo. Nem o Pedro acreditou, tanto que nem revidou. E não ia revidar porque é um coração bom."
Filipe ressaltou que, após o episódio, o clima ficou pesado. "E a partir daquele momento ficou insustentável. O clima... Não se fala disso. Beleza, não se fala disso, mas está ali, na memória, por mais que se colocasse os caras de confiança, o time não andava. O ambiente não era bom, pesado."
O ex-lateral também falou sobre a 'relação verdadeira' com Gabigol e embates entre os dois. "Ele não consegue ser falso com uma pessoa. Ele é um cara de poucos amigos, porque é direto, não vai mentir que gosta e nas costas falar mal. Só que eu entendo isso perfeitamente. Ele fala as coisas na cara, às vezes te faz pensar, mas, às vezes, não. E muitas vezes no treino a gente teve embates. Passam umas semanas, e eu tenho que falar com ele. Ele não pede desculpa nunca. Eu chego para ele e ele fala: 'para mim passou, nem tem que pedir desculpas'. Mas quatro anos com ele foram maravilhosos."