Rio de Janeiro - O técnico Fernando Diniz rejeitou qualquer dilema ético ao assumir a seleção brasileira enquanto se mantiver como treinador do Fluminense. Para Diniz, "nesse ponto de ética, a CBF apontou para a pessoa certa". O novo técnico do Brasil concedeu a sua primeira entrevista coletiva na tarde de quarta-feira (5), na sede da CBF, no Rio de Janeiro.

"A ética me fez suportar o sofrimento como jogador e ser o treinador que me tornei. Não fiz estágio, passei de jogador para treinador. É algo tranquilo para mim, uma chance de mostrar que o futebol não está acima da ética e vida, é um espaço de convivência para colocar a nossa vida. É complexo? Sim. Terei que fazer convocação e tomar decisões, o senso de justiça irá me pautar como sempre. E vão avaliar, não estou aqui para pedir para que pensem de um jeito ou não. Estou tranquilo e, nesse ponto de ética, a CBF apontou para a pessoa certa", disse Fernando Diniz.

Fernando Diniz assinou na terça-feira o contrato com a CBF para ser o novo técnico da seleção brasileira. A duração do vínculo é por um ano e vai abraçar os jogos pelas Eliminatórias neste ano e a Copa América 2024. A escolha preenche uma lacuna enquanto a CBF aguarda a chegada de Carlo Ancelotti, italiano que treina o Real Madrid e tem contrato até o fim de junho de 2024.

Antes de Diniz falar, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, fez um pronunciamento no qual também criticou quem aponta um dilema ético ao Diniz se manter no Fluminense enquanto técnico da seleção.

"Isso é de quem não se respeita e quer desrespeitar outros. O mundo mudou, as ações e atitudes também. Não compactuamos com isso. Quando as pessoas falem e não medem o outro lado, não honram o nome, por ser posse ou abastada. Não é isso. Mas tem que ser abastado de dignidade e caráter. Isso não acontecerá. É treinador do Fluminense, mas foi de outros clubes grandes. Pessoa de caráter, dignidade, e que jamais faria conjectura desse jeito", afirmou Ednaldo.

Diniz chega à seleção com mais três membros da comissão técnica. Os auxiliares Eduardo Barros e Wagner Bertelli, além do preparador físico Marcos Seixas, que já tem participado de convocações neste ano com Ramon Menezes. Durante a coletiva, Diniz entrou pouco no assunto Carlo Ancelotti, mas garantiu que terá autonomia total na realização do trabalho.

"Eu não conheço o Ancelotti. Mas a condição para meu trabalho é autonomia e liberdade, e uma das coisas é convocação. Não vai haver interferência nenhuma, o presidente foi claro. Liberdade para executar meu trabalho. Converso com muita gente para me ajudar, temos nosso estafe da CBF, quem eu trago comigo e quem podemos convocar. É um assunto muito fresco para não acelerarmos e podermos cometer, apressados, algum equívoco".

Sobre a possibilidade do trabalho na Seleção atrapalhar o dia a dia do Fluminense, o treinador tranquilizou os torcedores do clube. "Fizemos isso em seis mãos, CBF, Mário e eu. Ponderamos muitas coisas e sou muito grato ao Fluminense, ao torcedor, que tenho conexão especial desde 2019. Creio que a maioria vai entender e me sinto à vontade para desempenhar o trabalho. Não será fácil, mas muita gente pensou nisso e creio que a decisão será um grande acerto".