São Paulo - A família de 23 jogadores que Luiz Felipe Scolari convoca hoje no Rio, às 14h, para tentar o pentacampeonato mundial é bem diferente da lista que o técnico gaúcho anunciou em sua primeira convocação, em julho de 2001. Nesses 10 meses de convivência com atletas e amistosos, muitos dos velhos conhecidos e das apostas iniciais ficaram pelo caminho. Antigos desafetos e novos ‘‘amigos do peito’’, por outro lado, ganharam crédito para integrar a ‘‘família Scolari’’.
Dos 22 integrantes de sua primeira convocação, para o jogo contra o Uruguai pelas eliminatórias, metade não vai ao Mundial. Boa parte dos esquecidos era considerada ‘‘homens de confiança’’ de Scolari, que não escondia que iria priorizar jogadores que já haviam trabalhado com ele em clubes. ‘‘Me deram a chance de estar na seleção. Vou dar a chance a eles de ir à Copa’’, disse.
Para a partida da sua estréia, o treinador chamou oito jogadores que foram seus atletas no Grêmio, no Palmeiras ou no Cruzeiro. Da lista, apenas Marcos (Palmeiras), Roque Júnior (Milan), Emerson (Roma) e Júnior (Parma) podem ser taxados como ‘‘queridinhos’’ do técnico.
Se optar por seis atacantes, o número de amigos pode subir. Nesse caso, o vascaíno Euller tomaria a posição de Juan (Flamengo). Os ‘‘queridinhos’’ que têm poucas chances de estar na lista sucumbiram por motivos diversos. O zagueiro Cris, por exemplo, irritou o treinador após ser expulso seguidas vezes no Cruzeiro.
Já Alex, seu xodó dos tempos de Palmeiras, não correspondeu em campo. Scolari chegou a reclamar que o fato de insistir no ‘‘amigo’’ o estava prejudicando. Outro homem de confiança do gaúcho ficou de fora por questões táticas. Mesmo tendo sido o destaque do Campeonato Português, Jardel não será chamado porque Scolari não vê nos laterais titulares – Cafu e Roberto Carlos – jogadores capazes de servir Jardel nas bolas aéreas.
A legião de jogadores gaúchos inicialmente testados e prestigiados também foram esquecidos. Os volantes Fábio Rochemback (Barcelona), Eduardo Costa (Bordeaux) e Tinga (Grêmio) não têm chances de ir para a Ásia. Veteranos que estavam nos planos iniciais para ajudar Scolari com os mais novos são outros que foram descartados. Compõem a lista Romário, Mauro Silva e Leonardo, que já encerrou a carreira.
Outros que conquistaram a simpatia de Scolari pelo comportamento extracampo foram Luizão e Rogério. O gremista ganhou uma vaga na Copa quando, mesmo machucado, pediu para enfrentar a Venezuela. O atacante passou por tratamento intensivo, jogou em São Luís (MA) e carimbou a ida do Brasil ao Mundial com dois gols. Já Rogério foi elogiado pela liderança e por não ter reclamado de ter ficado na reserva de Marcos.
Mas não é apenas entre os 23 atletas que Scolari terá uma nova família. Toda o estafe burocrático da seleção está nas mãos de pessoas com pouca ligação com o treinador: o novo gerente Américo Faria e o assessor de imprensa Rodrigo Paiva mantêm relações apenas cordiais com o técnico.




CONVOCAÇÃO
- Passaporte carimbado
Marcos (Palmeiras), Dida (Corinthians), Lúcio (Bayern Leverkusen) Roque Júnior (Milan), Edmilson (Lyon), Emerson (Roma), Júnior (Parma), Cafu (Roma), Roberto Carlos (Real Madrid), Gilberto Silva (Atlético-MG), Ronaldo (Inter), Ronaldinho Gaúcho (PSG), Rivaldo (Barcelona), Denilson (Betis), Anderson Polga (Grêmio)
- Quase lá
Euller (Vasco), Rogério Ceni (São Paulo), Kléberson (Atlético-PR), Edilson (Cruzeiro), Luizão (Grêmio), Kaká (São Paulo), Djalminha (La Coruña)
- Na expectativa
Alex (Palmeiras), Romário (Vasco), Beletti (São Paulo), Paulo César (Fluminense), Júlio César (Flamengo), Rogério (Corinthians), Élber (Bayer), Jardel (Porto), França (São Paulo), Juan (Flamengo), Juninho Paulista (Flamengo), Vampeta (Corinthians)