Diante da pandemia do coronavírus que paralisou todas as competições do futebol brasileiro, a questão financeira passou a ser a principal preocupação dos clubes do país. Uma negociação de forma conjunta pela redução dos salários dos jogadores se mostrou ineficiente em razão da diferença de realidades das equipes do Brasil.

Alguns clubes passaram a negociar de forma individualizada com os seus atletas e agora entidades ligadas aos times e a jogadores estão cobrando um posicionamento da CBF, sobretudo no apoio aos clubes menores e de pouca arrecadação.

Imagem ilustrativa da imagem Federação dos atletas pede que CBF apoie financeiramente os clubes
| Foto: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

A Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas de Futebol Profissional) encaminhou um documento solicitando uma ajuda financeira da CBF para as equipes de divisões inferiores do futebol brasileiro.

"Queremos que a CBF assuma a cabine da aeronave do futebol brasileiro. Solicitamos que ela apoie imediatamente com recursos para as rescisões que estão sendo feitas e que provoque o governo federal para questões como dívidas com a União e possíveis benefícios fiscais", frisou o presidente da Fenapaf, Felipe Augusto Leite.

A entidade pleiteia com a CBF a continuidade dos Estaduais, que permitirá que os clubes recebam integralmente as cotas de TV e garantirá trabalho a mais de dez mil atletas.

“Uma das prerrogativas da CBF é fomentar o futebol e este é um bom momento para fazer isso. O nosso pedido é que sejam repassadas parcelas para ajudar os clubes que têm mais necessidades”, afirmou Nivaldo Carneiro, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de Futebol do Estado do Paraná, integrante da Fenapaf. A CBF não se posicionou sobre a proposta.

Paraná

Nivaldo Carneiro afirmou que não houve procura por parte dos clubes paranaenses para renegociar salários neste momento e que os valores referentes ao mês de março serão pagos integralmente. A única exceção é o Rio Branco, que com a paralisação do Estadual dispensou todos os atletas.

“Estamos orientando a todos, independentemente de ser grande ou pequeno, que qualquer decisão agora pode ser um pouco precipitada e o melhor é aguardar. Porque lá na frente pode existir uma demanda judicial por quebra de contrato com os jogadores”, ressaltou.

Carneiro elogiou a decisão das equipes em antecipar o período de férias para o mês de abril - o Londrina concedeu férias do dia 1º até o dia 30 - e frisou que a decisão atual dos atletas em não aceitar uma diminuição salarial pode mudar no futuro de acordo com o cenário.

“Pode ser que os atletas fiquem mais flexíveis lá na frente dependendo do que acontecer. Por outro lado, é preciso ressaltar que dependendo do jogador o salário que ele ganha não tem como descontar um percentual, porque o valor quase não é suficiente para ele sobreviver”, apontou. (Com Folhapress)

Clubes das séries C e D também pedem auxílio

Sem cotas de TV como nas Séries A e B, os clubes que vão jogar o Brasileiro das Séries C e D sentem ainda mais o reflexo financeiro da paralisação das atividades no futebol. Diante do cenário, as equipes também tem pedido socorro à CBF.

Na sexta-feira (27), 17 dos 20 times que vão jogar a Série C – o Londrina não participou – se reuniram e começaram a discutir um projeto para ser apresentado à CBF em busca de apoio financeiro.

Advogado de muitos destes clubes, o londrinense e ex-presidente do LEC Osvaldo Sestário foi convidado a participar do encontro para dar uma sustentação jurídica ao projeto. Sestário ressaltou que a CBF não participou desta primeira reunião, mas fará parte do processo em busca de soluções.

“O objetivo é criar um projeto emergencial envolvendo atletas, clubes e CBF. Os clubes da Série C não têm cotas e, por isso, vivem de arrecadação, patrocínios e venda de produtos oficiais, e sem futebol isso fica impossível”, frisou em entrevista a rádio Paiquerê 91,7.

Osvaldo Sestário explicou que ainda não está claro de que forma os valores serão arrecadados, mas ressaltou que um apoio neste momento é fundamental. “O que os clubes querem é ter condições de manter os contratos para que os jogadores continuem recebendo salários. Caso contrário, poderemos ter um caos no futebol em relação à Série C”.

Os capitães das 68 equipes que disputarão a Série D assinaram uma carta pedindo atenção da CBF ao campeonato. No documento, os jogadores pedem que a entidade dê suporte financeiro aos clubes e mantenha a fórmula de disputa acordada.

"A pandemia que se instaurou no mundo e em nosso país trouxe também sérias preocupações a milhares de atletas, que, até então, tinham a certeza de poderem trabalhar até o final do ano, mantendo assim o sustento de suas famílias. Não é apenas o vírus que ameaça os atletas, mas também a atual situação de incertezas do calendário", diz trecho da carta.

A Série D terá uma fórmula diferente em 2020, com mais jogos e prevista para ser realizada de maio a novembro.