Fãs deixam rivalidade de lado para receber seleção
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 04 de janeiro de 2000
Janaina Tupan Frare
De Londrina
Especial para a Folha
Corintianos, palmeirenses, vascaínos e londrinenses esqueceram a rivalidade entre as torcidas e foram unidos ao Aeroporto de Londrina recepcionar a seleção brasileira pré-olímpica de futebol que desembarcou ontem à tarde na cidade.
Fernando Costa, 18 anos, Jackson Delfini, 19, Thiago da Costa, 15 e Allen Christian, 14, montaram uma comitiva de 12 pessoas para dar as boas-vindas aos atletas. Na expectativa de um autógrafo, não desgrudaram da cerca de proteção do Aeroporto. O primeiro jogador a desembarcar ontem foi o paranaense Alex, que atualmente defende a equipe do Palmeiras. A cada autógrafo, um grito de alegria, com direito até a ligações para dar a notícia aos pais. A minha mãe estava em casa torcendo para eu conseguir chegar perto dos jogadores. Tive que dar a notícia à ela, diz Allen, que conseguiu um minuto de atenção do meia Alex.
Jackson, também teve seu momento de glória, conseguiu um autógrafo do jogador. Ele é atleta nosso e deu um grande exemplo de educação, humildade e de amor ao Paraná quando chegou para conversar com a gente, explica, mostrando-se indignado com a atitude do jogador Fabiano, do São Paulo, que ignorou a recepção dos torcedores londrinenses. Ele nem olhou para a gente. Simplesmente se enfiou no ônibus e não saiu mais, diz Thiago.
E quem esperava ver jogadores como os atacantes Ronaldinho Gaúcho e Denílson, teve que disputar o melhor lugar no tapa. A torcedora Daiane Cirilo de Souza, 15 anos, chegou a desmaiar e foi socorrida por pessoas que estavam a sua volta.
Sem entender muito o que estava acontecendo, Casemiro Domanski Neto, de apenas 2 anos, também estava lá com seu uniforme do Corinthians. Ele pode não entender muito de futebol, mas já saiu da maternidade vestido de torcedor, diz o pai fanático, Marcos Andrade.
A paixão pelo futebol fez a família Moura ficar mais de duas horas sob o sol forte, aguardando a chegada dos jogadores. A mãe, Francisca Moura, 35, permaneceu o tempo todo com Matheus, de um ano, no colo. Acompanhada do marido Marcos,36, e do filho Thiago, 15, disse que se fosse preciso, ficaria ainda mais tempo no local. Tudo vale à pena para ver a seleção, explica.
Marcelo Ruis, 23 anos, não se contentou em ver a seleção apenas no Aeroporto. Aproveitou o horário de almoço para ir até o hotel, onde a delegação está hospedada. Vim na esperança de conseguir chegar um pouco mais perto dos jogadores, mas está muito difícil, diz desapontado. A mesma esperança também levou Nelson Gonçalves dos Santos, 52, ao Hotel. Fiquei na vontade, mas deu pra ver um poquinho. diz ele.
Já o paulista Fulgêncio Rodrigues Negro, 65, que aproveitou a sua estada na cidade para levar os netos Carlos Henrique, 5, e Luciane, 11, para recepcionar os jogadores, não ficou nem um pouco chateado. O importante é estarmos aqui, participando da festa, disse todo feliz por ter conseguido o autógrafo do jogador paranaense para o neto.
Diogo Silvério, 10, vestiu a camisa verde-amarelo e foi para o hotel na esperança de um contato maior com os jogadores. Depois de três horas, viu que seu esforço foi em vão, já que o forte esquema de segurança, não permitiu nem ao menos a visão. Não vou desistir. Vou acompanhar todos os passos deles na cidade, diz o jovem torcedor otimista.
Fernando Costa diz que além da recepção que ele e os amigos prepararam para os jogadores no aeroporto, já tem mais planos para fazer a seleção sentir o calor da torcida londrinense. Vamos inventar um novo grito de guerra, que o Brasil inteiro vai copiar. Logo a nossa torcida vai estar maior que a Gaviões da Fiel, diz referindo-se a uma das maiores torcidas organizadas do futebol brasileiro.Atenção dos ídolos foi disputada a tapa: a cada autógrafo, um grito de alegria
Paulo WolfgangCARINHO RECONHECIDOAlex joga camisa do Londrina sobre alambrado do aeroporto, depois de autografá-la: torcida não desgrudou da cerca de proteçãoMilton DóriaAo lado, torcedores fazem a festa com a chegada da Seleção Brasileira em Londrina; no alto, Casemiro Domanski Neto, de apenas 2 anos, que nasceu torcedor: