O conflito entre paramilitares e forças do governo do Sudão atingiu em cheio o futebol do país africano. As competições estão paralisadas e os profissionais vivem um drama em meio aos tiroteios e bombas que atingem especialmente a capital Cartum. A tensão é vivida também pelo fisioterapeuta Joílson Amorim, que trabalhou no Londrina por sete anos.

Joilson Amorim no Sudão ao lado do ex-goleiro Hadary, da seleção do Egito
Joilson Amorim no Sudão ao lado do ex-goleiro Hadary, da seleção do Egito | Foto: Arquivo Pessoal

Amorim voltou ao Sudão no início deste ano para trabalhar no Al-Merreikh, onde já esteve em 2012. O clube da capital conta com quatro jogadores brasileiros - o atacante Paulo Sérgio, ex-Flamengo e Operário (PR), o lateral Alex Silva, ex-Atlético-MG, o meia Matheuzinho e o defensor Sérgio Raphael - e outros quatro membros da comissão técnica, entre eles o técnico Heron Ferreira.

O fisioterapeuta conta que quando o conflito começou, no sábado passado (15), a equipe estava concentrada em um hotel no centro de Cartum para uma partida no período da noite. "Acordamos com barulhos de tiro e a tropa na frente do hotel. Foi um dia muito tenso, já que os oficiais davam tiros para o alto tentando acertar os aviões e os drones do governo", relata.

Após ficarem os primeiros dias isolados no hotel, os brasileiros conseguiram retornar para os apartamentos onde moram - Joílson reside junto com o atacante Paulo Sérgio. O ex-fisioterapeuta do LEC afirma que há racionamento de água e energia e também escassez de alimentos.

Joilson e o meia Matheuzinho, ex-Vila Nova, um dos jogadores que atuam no Al-Merreikh
Joilson e o meia Matheuzinho, ex-Vila Nova, um dos jogadores que atuam no Al-Merreikh | Foto: Arquivo Pessoal

"O nosso prédio ainda tem gerador, mas vários pontos da cidade estão sem energia. Tivemos falta de água por dois dias e agora estamos racionando. Conseguimos comprar alimentos em um mercado próximo ao apartamento, mas o mercado já fechou porque não tem mais o que vender e estamos consumindo o que conseguimos estocar", conta.

Além dos nove profissionais que trabalham no Al-Merreikh, há pelo menos outros seis brasileiros no país. Todos aguardam uma solução por parte da embaixada brasileira para deixar o Sudão. "A resposta que temos é que é preciso aguardar. Os aeroportos do país estão fechados e para ir até a fronteira do Egito seria uma viagem de dois dias de carro. E da forma como o país está hoje é muito perigoso e arriscado tentar", relata Amorim.

O Al-Merreikh disputa atualmente o Campeonato Nacional, a Copa Árabe e a Champions League Africana. O confronto entre as forças oficiais do Sudão e o grupo paramilitar RSF (Forças de Apoio Rápido, em português) já matou mais de 330 pessoas no país.

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