SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A porta-voz da Casa Branca Jen Psaki afirmou, nesta segunda (7), que a escolha de uma atleta da etnia uigur para acender a pira olímpica na abertura dos Jogos de Inverno em Pequim não pode ser uma distração das "violações de direitos e genocídio" cometidos contra a etnia pelo governo chinês.

A esquiadora Dinigeer Yilamujiang, 20, chinesa uigur nascida na cidade de Altay, na região autônoma de Xinjiang, acendeu a pira olímpica no Ninho do Pássaro, estádio que recebeu a cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno e também do Jogos de Verão de 2008, junto de outro atleta chinês.

A província de Xinjiang é um território de forte presença uigur, etnia majoritariamente muçulmana que vem sofrendo genocídio e repressão sistemática do governo chinês, segundo adversários ocidentais e entidades de direitos humanos. O governo de Xi Jinping rejeita as acusações.

Um estudo divulgado em 2020 pelo Instituto Australiano de Política Estratégica mostrou, a partir de imagens de satélite captadas desde 2017, que o governo chinês construiu cerca de 400 centros de detenção em Xinjiang.

À época, Pequim alegou que as unidades eram centros de educação e treinamento vocacional e faziam parte de um conjunto de medidas para combater o terrorismo e o fundamentalismo islâmico.

Segundo Psaki, a perseguição aos uigures e outras minorias muçulmanas na região foi o motivo para que os Estados Unidos, junto de Austrália, Reino Unido e Canadá, tenham boicotado diplomaticamente os Jogos de Inverno -nenhuma autoridade desses países foi a Pequim para a abertura do evento, ação que não afetou a participação dos atletas.

Na semana passada, a presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, pediu que os atletas americanos não protestassem durante os jogos e que mantivessem o foco nas competições, por receio do que o governo chinês pudesse fazer em resposta.

Perguntada sobre a fala de Pelosi, Psaki afirmou que todos os atletas "têm o direito de se expressarem livremente, nas Olimpíadas de Pequim ou em qualquer outro lugar".