Uma nova competição entre seleções pode aumentar ainda mais a disparidade técnica e econômica entre a Europa e os outros continentes no cenário do futebol. Criada para eliminar os amistosos e a falta de competitividade interna, a Liga das Nações da Uefa começa a ser disputada na próxima quinta-feira (6), com a realização de nove jogos.

França, atual campeã mundial, estreia contra a Alemanha na quinta (6): disparidade técnica para a América do Sul pode aumentar?
França, atual campeã mundial, estreia contra a Alemanha na quinta (6): disparidade técnica para a América do Sul pode aumentar? | Foto: A. Ricardo/Shutterstock



Todas as 55 seleções vinculadas à Uefa estão inscritas na competição, que será dividida em quatro divisões. Em cada divisão, haverá uma separação em quatro grupos. O sistema da competição pode ser comparado ao de um campeonato nacional, já que haverá rebaixamento e acesso às divisões superiores.

A criação da nova competição da Uefa não é de agrado geral, especialmente das outras confederações. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), por exemplo, tentou barrar a criação da Liga das Nações no ano passado, mas não obteve sucesso na tentativa junto à Fifa.

"Parece uma decisão muito acertada da Uefa, porque hoje em dia o principal produto em termo de seleções europeias é a Eurocopa, que acontece de quatro em quatro anos. Hoje em dia, é o futebol de clubes que tem sido o principal produto. A Copa do Mundo acabou há um mês e meio, só que aconteceram tantas coisas nesse meio tempo, como o início das ligas nacionais, por exemplo, que parece que a Copa acabou há muito mais tempo, a Euro 2016 há mais tempo ainda", aponta Virgílio Neto, mestre em gestão esportiva e colunista do site Universidade do Futebol. "A Liga das Nações é um trabalho para manter as seleções ativas, não apenas em datas Fifa ou Eliminatórias, mas é mais que certo, já que cumpre o papel do que é determinado para uma confederação."

LEIA TAMBÉM
- Halo volta a ser destaque na Fórmula 1

- Federer enfrenta australiano polêmico nos EUA

A empresa que organizará a Liga das Nações, ao saber que os países sul-americanos não aprovaram a criação do torneio europeu, logo enviou um projeto à Conmebol para a organização de um campeonato semelhante, a Americas Nations Cup. A CBF não aprovou a investida da agência, já que não viu chances para arrecadação em cotas de TV e em bilheteria.

"A Uefa não tem que pensar nas outras confederações, a Conmebol cuida da América do Sul, a Concacaf cuida da América Central e do Norte. Como a Fifa vai lidar com esse calendário é outro assunto. Uma vez que eles se dispuseram a criar e as seleções a jogar a Liga, eles assumiram o compromisso. Eu até acredito que futuramente seleções como Brasil e Argentina, por exemplo, possam participar do torneio como convidadas", afirma Neto.

A aposta nos grandes confrontos é outro trunfo visualizado pela Uefa para a criação da Liga das Nações. Logo no primeiro dia de competição, Alemanha e França se enfrentam na rodada de abertura da Liga A, na Allianz Arena, em Munique, às 15h45 (de Brasília). Em contraponto, haverá um grande número de duelos considerados fracos nas ligas inferiores - o primeiro jogo do torneio será entre Cazaquistão e Geórgia, pela Liga D, por exemplo.

"A única saída é que sejam criados torneios próprios aqui também. Nós temos a Copa América, que é disputada de quatro em quatro anos, mas poderia ser anual, poderia ser como anteriormente, quando eram realizados torneios de ida e volta, resgatar uma tradição de duelos históricos", completa o gestor esportivo.

* Com supervisão de Fábio Galão
Editor de Esporte