Porto Alegre - A carreira do ex-piloto Emerson Fittipaldi irá virar peça de museu. Os troféus, medalhas, luvas, capacetes e alguns carros do primeiro dos grandes campeões do automobilismo brasileiro estão deixando as salas e depósitos de uma fazenda no interior de Araraquara (SP) e vão se tornar atração permanente de uma ala do Museu Tecnológico da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre.
A primeira parte do acervo de Emerson Fittipaldi já está passando por uma restauração na cidade gaúcha. Outras peças chegam nos próximos meses. ''Pretendemos promover a inauguração oficial da Ala Emerson Fittipaldi em dezembro, com a presença dele'', explicou o diretor do museu, Luis Carlos Maroni.
A decisão do ex-piloto de ceder seu acervo a uma universidade localizada distante dos palcos de suas grandes vitórias tem diversas explicações. Uma delas é a visita que o genro de Emerson, Carlos Agostinho Pinheiro da Cruz, fez ao museu. Impressionado com a estrutura e o acervo do prédio de quatro andares, ele relatou ao sogro o que viu, sugerindo a possibilidade de exposição da coleção de carros e troféus. Ao mesmo tempo, a universidade percebeu que ainda não havia no País uma iniciativa de preservar a trajetória do campeão das pistas.
A relutância de Emerson Fittipaldi terminou durante as três horas que ele gastou para atender ao convite da Ulbra e visitar o museu, no dia 24 de janeiro deste ano. Emocionado, o ex-piloto encontrou, junto com outros 255 veículos, a carreteira que o levou a dar algumas voltas em Interlagos em 1956, quando tinha 11 anos. E percebeu que o museu tinha as condições necessárias para acolher tudo o que lembrasse sua carreira. Antes de embarcar de volta para São Paulo, concordou com a assinatura de um contrato de comodato por tempo indeterminado.
Desde então, o ex-piloto tem enviado a Canoas carros e objetos. O Copersucar, que chegou em segundo lugar no Grande Prêmio do Brasil de 1978, o Pontiac Trans Am, que serviu de carro-madrinha nas 500 Milhas de Indianápolis em 1989, além de 148 troféus e 22 medalhas, já estão em Canoas.
Dois Penske usados na Fórmula Indy devem ser remetidos dos Estados Unidos até o fim do ano. Outros dois modelos do Copersucar e o March que Frank Williams comprou para montar sua equipe de Fórmula 1, que foi guiado por José Carlos Pacce em 1972, serão transportados de depósitos de São Paulo para o Rio Grande do Sul.
Além de restaurar carros e objetos, a equipe do museu pesquisa dados para expor, nos painéis, textos e fotos de uma carreira que inclui dois títulos na Fórmula 1 (1972 e 1974) e um na Fórmula Indy (1989).
O prédio de quatro andares que vai abrigar a Ala Emerson Fittipaldi tem, além dos veículos antigos, área de restauro e oficinas. E não é voltado exclusivamente ao automobilismo. O museu tecnológico também conta, com seu acervo, a história do cinema, da fotografia, das armas e dos relógios.