O Santos decidiu ontem devolver o atacante Valdir ao Atlético-MG, embora tenha comprado o passe do jogador por R$ 5,5 milhões no início do ano. Essa foi a primeira consequência da perda do título paulista após o empate em 2 a 2 com o São Paulo, domingo, quando Valdir não ficou nem no banco de reservas.
Do valor total do passe, o Santos pagou uma entrada de R$ 1,5 milhão e ainda devia ao clube mineiro os R$ 4 milhões restantes, cujo prazo de pagamento se encerraria hoje.
Na circunstância atual, o Santos não tem dinheiro para ficar com o atacante, nem interesse em mantê-lo. Nos últimos 18 jogos dos quais participou, Valdir marcou apenas um gol.
O acordo com o Atlético-MG previa a devolução do atleta como garantia de um eventual não-pagamento dos R$ 4 milhões no prazo. Nessa hipótese, o R$ 1,5 milhão que o Atlético-MG já recebeu fica convertido no valor de empréstimo. ‘‘Esse dispositivo contratual foi inserido por iniciativa do próprio Atlético-MG’’, afirmou o diretor de futebol Nicolino Bozzella.
Segundo o dirigente, o pagamento da parcela restante da compra do passe de Valdir estava condicionado à parceria entre o Santos e o consórcio CIE/Octagon-Koch Tavares, o que ainda não aconteceu.
No início da noite de ontem, o dirigente afirmou que o Atlético-MG já tinha sido informado da situação e que o contrato do Valdir, de três anos, seria rescindido.
A exclusão de Valdir do banco de reservas na final provocou uma crise no relacionamento entre o técnico e o jogador, embora ambos tenham negado a ocorrência de um suposto bate-boca, aos gritos, no vestiário do Morumbi, cerca de 20 minutos antes do início da partida.
O jogador disse ter pressentido que estava fora da decisão ao não encontrar suas roupas no vestiário. Segundo o atacante, ele foi informado pelo auxiliar-técnico Gersinho de que não figuraria nem mesmo entre os reservas. ‘‘Estou muito magoado. É difícil participar de todos os jogos, chegar à final e não estar nem no banco. Para que isso aconteça com um jogador, ele tem de ter feito algo muito grave, e eu não fiz’’, declarou Valdir.
O técnico Giba disse que sacou Valdir por opção tática. No lugar dele, o treinador levou para o banco de reservas o atacante Gaúcho, da equipe de aspirantes, cuja entrada estava prevista para o segundo tempo, o que só não ocorreu devido à expulsão do volante Anderson.
Segundo Giba, a preferência por Gaúcho foi decorrente da má fase de Valdir e da capacidade de finalização do substituto, artilheiro da Copa São Paulo de Juniores deste ano pelo Juventus.