SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Mais um escândalo envolvendo um dono de franquia da NBA estourou na semana passada, quando Robert Sarver foi acusado de racismo, misoginia e assédio moral a funcionários do Phoenix Suns, do qual ele é proprietário.

Aos 60 anos, Sarver é um milionário que fez fortuna em negócios imobiliários e principalmente como executivo do banco Western Alliance Bank, dono de US$ 36 bilhões em ativos. Em 2004, ele comprou os Suns e o Phoenix Mercury, da WNBA, por US$ 400 milhões.

Uma reportagem da ESPN norte-americana revelou denúncias de falas racistas e misóginas, além de humilhações públicas a funcionários, de ter ouvido mais de 70 pessoas que trabalharam ou ainda trabalham na franquia, e o milionário agora está sendo investigado pela liga.

Earl Watson, um assistente-técnico que trabalhou quatro anos nos Suns, afirmou que, em certa ocasião, Sarver entrou no vestiário repetindo diversas vezes uma palavra considerada extremamente racista nos EUA —"the N-word", como se referem. Outras seis pessoas confirmaram o uso da palavra em diversas ocasiões.

"O nível de misoginia e racismo está além de qualquer limite. É constrangedor como dono", disse um coproprietário do Phoenix Suns sobre Sarver.

Quanto aos comentários misóginos, uma ex-empregada afirmou à ESPN que "a pior parte era o abuso verbal e sentir que não era sequer humana". "Isso destruiu a minha vida, eu estava considerando o suicídio", disse outra funcionária.

Mais de dez funcionários dizem que Sarver comentava sobre sua vida sexual em reuniões que deveriam ser profissionais, além de perguntar aos jogadores sobre a vida sexual deles. As testemunhas afirmam que os comentários e a conduta do dono dos Suns era inapropriada e humilhante.

"Não há literalmente nada que você possa me contar sobre ele [Sarver], do ponto de vista da misoginia e do racismo, que vá me surpreender", disse um ex-executivo de basquete dos Suns.

Robert Sarver também é acusado de constranger e humilhar seus funcionários publicamente. Um dos exemplos envolve David Bodzin, ex-executivo de contas dos Suns, que afirma que o milionário abaixou suas calças em um evento com 60 pessoas e, em seguida, disse "por favor, não nos processe por assédio sexual".

Por meio de seus advogados, Sarver afirmou "nunca ter chamado ninguém" por xingamentos racistas e que não discute sua vida sexual ou a de seus funcionários.

Sobre o episódio das calças, disse que "não teve a intenção de constranger" David Bodzin e que, à época, tratou o episódio como uma brincadeira, mas depois percebeu ser inapropriado.

Os perfis oficiais tanto dos Suns quanto do Mercury saíram em defesa do acusado antes mesmo de a reportagem ser publicada, na última semana. "Evidências documentais e testemunhas contradizem diretamente as acusações, e estamos preparando nossa resposta a estas questões", dizia o comunicado. Tais provas ainda não foram reveladas.

Na sequência das denúncias, a NBA informou em nota oficial que abriu uma investigação. "A NBA e a WNBA continuam comprometidas a prover um ambiente de trabalho respeitoso e inclusivo para todos os funcionários. Uma vez que a investigação esteja completa, as conclusões servirão de base para qualquer ação da liga", afirma o vice-presidente de comunicação da liga, Mike Bass.

O responsável pela investigação é o escritório de advocacia Wachtell Lipton, o mesmo que, em 2014, investigou o Los Angeles Clippers e seu então proprietário Donald Sterling por comentários racistas. A apuração anterior terminou com Sterling banido da liga e obrigado a vender sua franquia.

A NBA ainda acumula outros escândalos recentes.

Em 2018, uma reportagem da revista norte-americana Sports Illustrated revelou que o ambiente de trabalho no Dallas Mavericks era envenenado por uma série de assédios sexuais, estando entre os acusados o ex-CEO Terdema Ussery, que havia chefiado a franquia por 18 anos.