Dirigentes de clubes e federações fazem parte da CPI da Nike
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terça-feira, 17 de outubro de 2000
Agência Estado De Brasília
Os cartolas do futebol conseguiram garantir duas vagas de vice-presidência na CPI da Nike, instalada ontem na Câmara dos Deputados para investigar irregularidades no contrato de patrocínio firmado entre a empresa e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Uma das vagas será do deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), que é vice-presidente de Futebol do Vasco. O outro vice é Nelo Rodolfo (PMDB-SP), conselheiro do Palmeiras.
Além disso, 11 dos 34 membros titulares e suplentes da CPI têm ligação com clubes ou federações de futebol. A bancada de amigos da CBF não conseguiu, porém, impedir o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), autor do requerimento de abertura da CPI da Nike, de assumir a presidência da comissão.
Rebelo conquistou o cargo com o apoio do líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), que, de olho nos votos da oposição para garantir a presidência da Câmara no próximo ano, negociou com a sua bancada a indicação do deputado do PC do B. Cabia ao PFL nomear o presidente da CPI.
Os deputados afinados com a CBF preferiam que o partido indicasse Jaime Martins (MG), conselheiro do Cruzeiro e irmão do presidente do Guarani de Divinopólis, time do interior de Minas Gerais. O deputado Zezé Perrela (PFL-MG), presidente do Cruzeiro, um dos primeiros a aparecer no plenário 3 da Câmara dos Deputados onde foi instalada a CPI, chegou a anunciar que Martins seria o presidente.
Mas quando o ofício do PFL chegou à comissão, o nome para presidente era o de Rebelo. Imediatamente, na sala ao lado, um grupo de parlamentares do PMDB junto com o diretor de Relações Legislativas da CBF em Brasília, Vandenbergue dos Santos Sobreira Machado, tentaram uma insubordinação. Mas prevaleceu o apoio do Inocêncio e o acordo de líderes para montar a direção da CPI. A relatoria da CPI ficou com o deputado Silvio Torres (PSDB-SP).
Apesar de defender o nome de Martins, um conselheiro do Cruzeiro, Zezé Perrela disse que não quis participar da CPI por considerar que não ficaria eticamente perfeito já que preside o Cruzeiro. Além disso, ele avaliou que a sua participação poderia levar a especulações de que estaria na CPI para encobrir algo ou defender a CBF. Já Eurico Miranda diz ter muito a contribuir por sua experiência.
Quem é o relator O líder do PSDB, Aécio Neves, fez questão de indicar para relator da CPI da Nike um deputado sem qualquer ligação com futebol, uma pessoa isenta. O escolhido foi o deputado Silvio Torres (SP), dono do jornal Gazeta do Rio Pardo, na cidade de São José do Rio Pardo, no interior paulista. A sua única relação com o futebol, segundo ele mesmo definiu, é ser torcedor do Corinthians.
Torres comentou que, como qualquer cidadão, não está satisfeito com o futebol brasileiro porque não atravessa um bom momento. O deputado atribuiu esses problemas a causas estruturais. Mas não sabe defini-las. Torres também não tem preferência por um nome para ser o técnico da seleção brasileira. Ex-praticante de basquete, Torres tentou fugir de comentar a participação de cartolas como integrantes da CPI da Nike. Ele disse que não tem nada a opor, se eles acham que podem contribuir com a comissão.
Segundo Torres, os deputados saberão evitar a eventuais tentativas de interferência da CBF, federações ou clubes na CPI, que terá hoje a sua primeira reunião ordinária para discutir o roteiro de convocações de depoentes. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deve ser um dos primeiros.
Senado Ontem o vice-líder do PFL no Senado, senador Francelino Pereira (MG), indicou os membros do partido na CPI do Futebol, cuja instalação deverá acontecer mesmo somente após o segundo turno das eleições. Foram indicados os senadores Edison Lobão (MA), Geraldo Altoff (SC), Bernardo Cabral (AM) e Jonas Pinheiro (MT). O PMDB indicou Renan Calheiros (AL), Maguito Vilela (GO), Gilvan Borges (AP), Gilberto Mestrinho (AM) e Carlos Bezerra (MT).