São Paulo, 31 (AE) - Como a maioria dos bons golfistas ao redor do mundo, Luiz Martins veio de uma família humilde para romper barreiras em um esporte pouco difundido no Brasil e quase "sempre praticado por milionários", como acredita. Aos 37 anos
Luiz é hoje presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Golfe, a Brasil PGA, uma entidade direcionada para os atletas profissionais do golfe. Segundo ele, "havia duas portas para seguir e felizmente optei pela correta". Hoje, Luiz disputa o último dia do Torneio Brasil 500 Anos Open, uma etapa do circuito da PGA European Tour, que distribui US$ 750 mil como premiação.
Quando terminou a faculdade de educação física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, Luiz achou que deveria tomar um rumo na sua vida. "Sempre vi meu pai trabalhando para me sustentar e aquilo me motivava a um dia ser alguém. Encontrei no golfe minha razão de viver", conta. Porém, quase foi jogador de futebol.
"Modéstia a parte, jogava bem futebol no Inter-RS. Cheguei até os juniores, mas o golfe me encantou, então larguei tudo. Poderia ter sido um grande jogador." Luiz havia tido contato com o golfe em sua juventude quando tinha sido um caddie, que na linguagem do esporte é um carregador de tacos.
"Na verdade eu não era um caddie, mas sim apenas um carregador de tacos. Quando sai da faculdade, passei o ano inteiro treinando para conseguir melhorar. Eu não sabia nada de golfe." Luiz conta que em alguns dias chegava a bater mais de 2500 bolinhas. "Às vezes não conseguia esticar os dedos porque ficava muito tempo dando tacadas, alguém tinha que me ajudar com aquilo." Assim que se tornou profissional, em 1987, Luiz deixou o Porto Alegre Country Club, onde jogava, para arriscar a vida em São Paulo. "Na época foi uma aventura. Tive de sair dde lá porque as pessoas de lá não queriam que me desse melhor que eles." Já em São Paulo, em 1989, Luiz foi eleito presidente da PGA Brasil. "Meu objetivo de vir para São Paulo me trouxe confiança e acabei entrando para a diretoria da PGA.
Todos reconheceram meu trabalho e cheguei à presidência." Um dos poucos a pensar na preparação física como um meio de se superar no golfe, Luiz conseguiu que os jogadores fossem conscientes de uma boa preparação física para enfrentar toda a tensão de um jogo de golfe. "Ainda não há essa mentalidade no Brasil. Tenho certeza que se os golfistas fizessem um bom trabalho físico os resultados seriam melhores", explica. "Só quem está jogando é que sabe a pressão que existe, a escolha do taco, a melhor maneira de bater na bola, tudo isso fica mais fácil quando se tem fôlego." Entretanto, Luiz acha que por ter tido uma infância pobre, só conseguiu chegar até aqui por causa de sua mulher. "Fui o garoto pobre que casou com a menina rica", brinca. "A Ione, minha mulher, me ajudou muito. Às vezes até diz que amo mais os golfe do que ela, mas ai eu digo: o golfe me mantém vivo e preciso me manter vivo para poder te amar", conta aos risos.
Atualmente morando no Guarujá, Luiz dá aulas de golfe no Guarujá Golfe Clube e ainda tem vários projetos. Está tentando entrar em contato com o norte-americano Tiger Woods, melhor golfista do mundo, para que venha ao Brasil para, pelo menos, dar umas tacadas. No novo mundo da internet, Luiz já prepara um site para dar dicas de golfe além de sua história. "Dentro de 15 dias estará no ar e será bem legal para quem gosta dol golfe. Também estamos gravando uma video-aula de golfe para colocar no mercado." "A etapa do PGA European Tour no Brasil é importante para que consigamos nosso objetivo. O tênis conseguiu isso e acho que o golfe também fará. É legal ver as coisas engrenando"
diz a respeito do Torneio Brasil 500 Anos Open que se classificou entre os 70 melhores. "Não jogo mais, e tudo que vier com o torneio é lucro. Almejava ficar entre os 70 e acabei ficando entre os quarenta primeiros. É fantástico."