Há um encantamento recente com o trabalho de Fernando Diniz à frente do Fluminense. O jeito do tricolor carioca jogar tem gerado reflexões e análises do que é possível fazer com um time modesto, sem estrelas, de pouco investimento e resultados de primeiro nível do futebol brasileiro.

Imagem ilustrativa da imagem Dinizismo
| Foto: Rafael Assunção/Ofotografico/Folhapress

Diniz merece duas reflexões. A primeira é que todo treinamento apresenta resultado se ele tiver justificativas condizentes e atualizadas com intenções claras de um jogo evolutivo, inteligente e moderno. A proposta do técnico do Fluminense sempre foi contestada e criticada pela “ousadia” e “teimosia” do estilo de construir o jogo. Ele não mudou suas convicções, mas aprimorou o jeito de se relacionar com os personagens que executam sua ideia. Talvez, aí, a maior diferença.

Diniz mudou? Não acredito. A bola no chão, o toque de bola, o passe curto, a movimentação e paciência até envolver o adversário continuam sendo premissas básicas para chegar à área adversária. Ver o Fluminense atuar mostra um time que treina e o que treina dá para ser visto. 

A segunda reflexão sobre Diniz é a intolerância daqueles que acreditam que só os que já conquistaram títulos têm o direito de fazer trabalhos unânimes. Como é difícil o novo se estabelecer. Diniz não é popular, e não faz questão de criar mídia para abrir espaço. Apenas quer trabalhar. E isso incomoda uma parte da imprensa, que prefere criar rótulos, como: “os times do Diniz são assim mesmo, jogam e jogam e não ganham nada”. 

Diniz está criando um legado que só veremos daqui alguns anos, independentemente da conquista de títulos, que é a importância de ousar para surpreender e não se render a, simplesmente, se apegar a cargos e contratos. Para isso está pagando um preço alto, mas como parte do legado resistindo ao sistema. 

Julio Oliveira é jornalista e locutor esportivo da TV Globo – A opinião do colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina