Diário do Pré
PUBLICAÇÃO
sábado, 22 de janeiro de 2000
Paulo Briguet
Ah, cachorro.
Você enganou todo mundo, tapeou o gigantesco esquema de segurança, deu olé no Comitê Organizador e entrou em campo no primeiro tempo.
Colômbia e Equador tiveram de esquecer a bola por alguns instantes, na quarta-feira à noite, enquanto você passeava tranquilamente pela grama do Estádio do Café, entre as chuteiras e a perplexidade dos jogadores.
Sem crachá da CBF nem salvo-conduto do Kennel Clube, prezado vira-lata, você ganhou um tempo de exibição diante das câmeras de TV, privilégio que custa somas milionárias aos patrocinadores.
Fez lembrar a velha pegada:
Por que o cachorro entrou na igreja?
Porque a porta estava aberta.
Devo dizer, cachorro, que você conquistou a simpatia da torcida durante aqueles momentos de celebridade. Gargalhadas saudaram a fleuma canina. Animal!
Falam do pit bull. Que nada! Um desses valentões não teria a audácia que você teve. Muito menos demonstrariam a indiferença às convenções.
É claro que o juiz, cioso das regras da Fifa, aplicou-lhe algo assim como o cartão vermelho. O vira-lata recebeu a justa punição por estar em campo sem ser convidado. Mas pode colocar na súmula, seu juiz: não mordeu, não latiu, nem sequer rosnou. Também não usou a trave para necessidades naturais, como é do feitio da espécie.
Peço licença ao mundo do futebol para perguntar: onde estará você, vira-lata driblador? Terá um nome? Um dono? Viverá nas ruas, atento aos restos de comida, ou ganhará uma tigela de grude amiga ao fim do dia? Onde terminarão suas andanças na indiferença das calçadas ou num trapo de fundo de quintal?
Ah, vira-lata. Antes, a multidão. Agora, tão sozinho.
PISADA
A seleção da Venezuela pisou literalmente na bola na última quinta-feira à noite. Ao fazer o reconhecimento do gramado do Estádio do Café, os venezuelanos desrespeitaram o regulamento e entraram no gramado de chuteiras só é permitido pisar na grama de tênis. Não bastasse isso, os jogadores ainda bateram bola no gramado o que é proibido. Mesmo advertidos pelos dirigentes da comissão disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol, eles insistiram na infração. O técnico Osmar Pastoriza foi além e manteve o time em campo por cerca de uma hora. A teimosia custou à Confederação Venezuelana advertência e uma multa de US$ 1 mil. O Peru também foi multado em mil dólares porque um dirigente ofendeu o árbitro na partida contra a Argentina.
INDISCIPLINA
A seleção pré-olímpica do Peru é a última colocada na classificação do Troféu Fair Play. Os fiscais da CFS analisam o comportamento de jogadores, comissão técnica e dirigentes das 10 seleções. O Peru é o lanterna com 11 pontos.