Paulo Briguet
Ah, cachorro.
Você enganou todo mundo, tapeou o gigantesco esquema de segurança, deu olé no Comitê Organizador e entrou em campo no primeiro tempo.
Colômbia e Equador tiveram de esquecer a bola por alguns instantes, na quarta-feira à noite, enquanto você passeava tranquilamente pela grama do Estádio do Café, entre as chuteiras e a perplexidade dos jogadores.
Sem crachá da CBF nem salvo-conduto do Kennel Clube, prezado vira-lata, você ganhou um tempo de exibição diante das câmeras de TV, privilégio que custa somas milionárias aos patrocinadores.
Fez lembrar a velha pegada:
– Por que o cachorro entrou na igreja?
– Porque a porta estava aberta.
Devo dizer, cachorro, que você conquistou a simpatia da torcida durante aqueles momentos de celebridade. Gargalhadas saudaram a fleuma canina. Animal!
Falam do pit bull. Que nada! Um desses valentões não teria a audácia que você teve. Muito menos demonstrariam a indiferença às convenções.
É claro que o juiz, cioso das regras da Fifa, aplicou-lhe algo assim como o cartão vermelho. O vira-lata recebeu a justa punição por estar em campo sem ser convidado. Mas pode colocar na súmula, seu juiz: não mordeu, não latiu, nem sequer rosnou. Também não usou a trave para necessidades naturais, como é do feitio da espécie.
Peço licença ao mundo do futebol para perguntar: onde estará você, vira-lata driblador? Terá um nome? Um dono? Viverá nas ruas, atento aos restos de comida, ou ganhará uma tigela de grude amiga ao fim do dia? Onde terminarão suas andanças – na indiferença das calçadas ou num trapo de fundo de quintal?
Ah, vira-lata. Antes, a multidão. Agora, tão sozinho.

PISADA
A seleção da Venezuela pisou literalmente na bola na última quinta-feira à noite. Ao fazer o reconhecimento do gramado do Estádio do Café, os venezuelanos desrespeitaram o regulamento e entraram no gramado de chuteiras – só é permitido pisar na grama de tênis. Não bastasse isso, os jogadores ainda bateram bola no gramado – o que é proibido. Mesmo advertidos pelos dirigentes da comissão disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol, eles insistiram na infração. O técnico Osmar Pastoriza foi além e manteve o time em campo por cerca de uma hora. A teimosia custou à Confederação Venezuelana advertência e uma multa de US$ 1 mil. O Peru também foi multado em mil dólares porque um dirigente ofendeu o árbitro na partida contra a Argentina.

INDISCIPLINA
A seleção pré-olímpica do Peru é a última colocada na classificação do Troféu Fair Play. Os fiscais da CFS analisam o comportamento de jogadores, comissão técnica e dirigentes das 10 seleções. O Peru é o lanterna com 11 pontos.