Craques tentam derrubar o tabu contra veteranos
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sábado, 04 de março de 2000
Craques tentam derrubar o tabu contra veteranos5/Mar, 17:04 Por Paulo Guilherme São Paulo, 05 (AE) - O goleiro Hélton ainda usava fraldas quando Mauro Galvão conquistou o título brasileiro pelo Internacional, em 1979. Nem por isso o experiente zagueiro do Vasco sente-se um veterano toda vez que entra em campo e olha para o menino que está no gol. Para ele, idade não importa, o que vale é o desempenho e a dedicação do jogador em campo. Aos 38 anos, mais de mil jogos como profissional, Mauro Galvão está ajudando a derrubar o tabu que imperava no futebol, rotulando o atleta que passava dos 30 de "jogador em fim de carreira". O segredo para estar sempre em forma, segundo Mauro Galvão, é simples: dedicação aos treinos, boa alimentação, cuidados para evitar exageros na bebida, dormir cedo, evitar badalações, enfim tomar conta do corpo, que é seu principal instrumento de trabalho. Galvão esperava que seu exemplo contagiasse o técnico da seleção brasileira, Wanderley Luxemburgo, mas o zagueiro tem consciência de que, como não foi convocado nos últimos anos, não deverá disputar as eliminatórias para a Copa do Mundo. "O que deve ser analisado é o desempenho do jogador, não importa se tem 38 ou 20 anos", argumenta Mauro Galvão. Dificilmente será ele quem vai derrubar o tabu da idade na seleção brasileira. Em outros países, os exemplos não faltam. O italiano Dino Zoff foi campeão mundial em 1982 como goleiro. Tinha 40 anos. O atacante Roger Milla brilhou na seleção de Camarões até os 42 anos. Na semana passada, o alemão Lothar Matthaeus, de 38 anos, tornou-se o jogador com maior número de participações em uma equipe nacional: 144 jogos por uma das mais importantes seleções do mundo. Matthaeus deverá aumentar essa marca com sua quase certa participação na Eurocopa, em junho. Desconfiança - Um dos grandes desafios para o jogador de idade mais avançada é vencer as desconfianças. "Quando começam a falar que você está velho, tiram todo o seu estímulo", comenta o ex-jogador Júnior, que atuou profissionalmente até os 39 anos e hoje, aos 45, é o maior astro do futebol de areia. Ele explica que sua formação na praia deu a ele uma base muscular que o ajudou a ter vida longa no futebol. Mas os cuidados eram imprescindíveis. "Nunca deixei de ir ao samba e tomar uma cervejinha, mas sempre procurei ter uma vida regrada e era sempre o primeiro a puxar as filas nos treinos", orgulha-se o novo 'Rei da Praia'. Júnior foi campeão brasileiro com o Flamengo em 1992, quando tinha 38 anos. Jogou por mais um ano, mas um dia notou que já não tinha a velocidade de antes para acompanhar os garotos. "Foi então que percebi que era a hora de parar e abrir espaço para os mais novos", comenta Júnior. "Chega uma hora que não dá para ir contra a natureza."