RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O duelo desta terça-feira (2), na Neo Química Arena, em São Paulo (SP), pelas quartas de final da Libertadores opõe não só dois dos maiores clubes do Brasil, mas também duas formas diferentes de administração. De um lado, um Flamengo que aceitou passar anos de perrengue até aliviar as contas; de outro, um Corinthians que tenta evitar o sacrifício muito grande nas finanças e tomar um atalho para alcançar o rival nacional.

Quando o Flamengo apertou os cintos em suas finanças, em 2013, o Corinthians era o então campeão do mundo. Eduardo Bandeira de Mello tomou posse no clube rubro-negro, implementou uma rígida política de austeridade e enfrentou muita resistência interna e na torcida, afinal, o costume até então era gastar muito —e muitas vezes mal. Com a nova diretoria, a norma virou gastar somente o que dava para gastar.

Na época, a dívida do Flamengo era de R$ 750 milhões. O Corinthians devia apenas 25% disso, em torno de R$ 194 milhões, e enxergou margem para fazer o movimento contrário: gastar cada vez mais. Enquanto o Flamengo buscava acordos com a Fazenda e pagava suas parcelas religiosamente, o time alvinegro investia pesado para tentar seguir disputando títulos.

Curiosamente, os dois clubes venceram títulos em 2013: o Flamengo levantou uma inesperada Copa do Brasil sob a batuta de Hernane Brocador e Elias; enquanto o Corinthians venceu Campeonato Paulista e Recopa na esteira do histórico ano anterior. A diferença de um para o outro foi o custo de cada taça.

Mesmo com times limitados, Bandeira não cedeu à pressão por reforços. O Flamengo só sentiu segurança para voltar a "ousar" nas contratações em 2015, com Paolo Guerrero, mas nem assim abandonou a toada da austeridade. Já o Corinthians segurou seu ímpeto na gestão Roberto de Andrade e manteve a dívida estável por quatro anos. Em 2017, por exemplo, ambos os clubes chegaram a ter dívidas bem próximas, entre R$ 400 e 450 milhões.

Em 2019, Rodolfo Landim assumiu a presidência do Flamengo para saborear o "filé" depois do "osso roído" pelo antecessor, e o clube viveu um ano mágico, com Campeonato Brasileiro e Libertadores. Foi nesta mesma temporada que o Corinthians de Andrés Sanchez perdeu o controle das finanças, depois foi atropelado pela pandemia e em dois anos praticamente dobrou sua dívida.

O último balanço anual flamenguista informou uma dívida total de R$ 604 milhões, cerca de 60% do impressionante faturamento do clube em 2021 (R$ 1 bilhão). No Corinthians, as contas são o contrário: é a dívida que já passou de um bilhão, enquanto o faturamento do ano passado foi de R$ 500 milhões.

O clube alvinegro vem de três semestres seguidos no azul e com um importante acordo firmado com a Caixa para pagar seu estádio, dois pontos positivos, mas o esforço da gestão de Duílio Monteiro Alves não chega a ser uma revolução à lá Bandeira de Mello. No campo, onde a importância das cifras não é a mesma, Corinthians e Flamengo jogam às 21h30 (de Brasília) desta terça-feira, na Neo Química Arena.

Para a partida, o Corinthians ainda não deve contar com o zagueiro Raul Gustavo, que trata lesão muscular, e Renato Augusto, com um problema na panturrilha. Por outro lado, o técnico Vítor Pereira poderá relacionar o zagueiro Balbuena, o atacante Yuri Alberto e o volante Fausto Vera, recém-contratados que foram inscritos na Libertadores na última semana. Uma possível escalação do time alvinegro tem: Cássio; Fagner (Rafael Ramos), Balbuena, Gil (Bruno Méndez) e Lucas Piton; Cantillo, Du Queiroz e Maycon; Willian, Adson (Gustavo Mosquito) e Yuri Alberto (Róger Guedes).

O Flamengo, por sua vez, deve continuar desfalcado por Diego Alves, Rodrigo Caio e Bruno Henrique, todos no departamento médico. Em compensação, o técnico Dorival Júnior tem à disposição todos os titulares poupados na última partida do time rubro-negro, contra o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro.

Dessa forma, uma possível escalação inicial do Flamengo tem: Santos; Rodinei, David Luiz, Léo Pereira e Filipe Luís; Thiago Maia, João Gomes, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Pedro e Gabigol.

Estádio: Neo Química Arena, em São Paulo (SP)

Horário: Às 21h30 (de Brasília) desta terça-feira (2)

Árbitro: Patricio Loustau (ARG)

VAR: German Delfino (ARG)

Transmissão: SBT e Conmebol TV