SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Para já, ganhar títulos", disse Vítor Pereira, 53, citando seu primeiro objetivo ao ser apresentado como técnico do Corinthians. "Eu gosto de ganhar com qualidade de jogo, mas ganhar é fundamental. Em um clube desta dimensão, com uma torcida enorme, é importante lutar e competir por títulos. Eu posso prometer muito trabalho em busca dos títulos."

A palavra "títulos", como se vê, foi bastante repetida pelo português. Não tem sido fácil, porém, para os treinadores estrangeiros alcançá-los no clube do Parque São Jorge. Na função de comandante solo, apenas um não brasileiro levantou troféu pelo time alvinegro, o italiano Virgílio Montarini, nas edições de 1929 e 1930 do Campeonato Paulista.

Faz tempo.

Antes, ainda na época em que eram os capitães das equipes que faziam o papel de treinadores, o Corinthians se sagrou campeão com Casemiro González nessa função. Foi com o zagueiro espanhol como o responsável pelas escalações que a formação fundada por imigrantes no Bom Retiro, perto da região central de São Paulo, levou suas primeiras taças no futebol, nos estaduais de 1914 e 1916.

Após a mudança para o Parque São Jorge, na zona leste, e o sucesso de Montarini, o time ainda conquistou um título com um estrangeiro no banco. Era o português Antônio Pereira, um dos cinco operários fundadores do clube em 1910, mas ele dividia a função com o ex-jogador Neco (Manuel Nunes), grande ídolo alvinegro, que era quem efetivamente dava as cartas.

"Embora Antônio Pereira conste como técnico [...], não há dúvida de que, pelo menos no campo, Neco, que parara de jogar, dava orientação ao time sentado no banco. A foto de Manuel Nunes, de terno, confraternizando com os jogadores no 3º gol de Filó que em 1937 deu o título de campeão ao Corinthians, vale mais que qualquer dado estatístico", diz o cronista Lourenço Diaféria, no livro "Coração Corinthiano" (1992).

Depois disso, nenhum estrangeiro foi campeão pelo Corinthians. Tentaram o argentino Joseph Tiger (1944), o português Joreca (1948 e 1949), o argentino Jim López (1960), o paraguaio Fleitas Solich (1962 e 1963), o argentino Filpo Núñez (1966 e 1976), o argentino Armando Renganeschi (1978), o uruguaio Darío Pereyra (2001) e o argentino Daniel Passarella (2005).

Antes, foram capitães-jogadores o italiano Rafael Perrone (1910 e 1911) e o português Casemiro do Amaral (1912). Já na era do profissionalismo, a equipe foi dirigida pelo uruguaio Pedro Mazzulo (1933 e 1934).

Com Casemiro González (1912 a 1914 e 1916 a 1917), Virgílio Montarini (1929 a 1931), Antônio Pereira (1937) e, agora, Vítor Pereira, o Corinthians soma oficialmente 15 treinadores estrangeiros. Mas só o italiano Montarini pode dizer que foi campeão pelo clube na função de técnico como a conhecemos hoje.

Ele estreou em amistoso contra o inglês Chelsea, em julho de 1929, um empate por 4 a 4 no Parque Antarctica. Assumiu um time que era campeão paulista de 1928 e o conduziu ao tricampeonato com as conquistas de 1929 e 1930. Além disso, participou de outros dois momentos emblemáticos.

Montarini era o treinador alvinegro na vitória por 3 a 1 sobre o Barracas, da Argentina, em amistoso no Parque São Jorge, em 1929. No dia seguinte, o cronista esportivo Tomás Mazzoni, de A Gazeta, elogiou "a fibra de mosqueteiro" dos jogadores. E o mosqueteiro se tornou um símbolo do clube.

Depois, em 1930, a Apea (Associação Paulista de Esportes Atléticos) promoveu uma espécie de tira-teima entre o campeão paulista e o carioca. O Corinthians venceu o Vasco por 4 a 2 no primeiro jogo, no Parque São Jorge. Em São Januário, perdia por dois gols, mas buscou a virada por 3 a 2 e ganhou o apelido cantado em seu hino, "o campeão dos campeões".

Agora, chegou a vez de um português buscar a glória em preto e branco. Seu primeiro passo nessa tentativa se dará neste sábado (5), às 16h, no Morumbi, em duelo do Campeonato Paulista com o São Paulo. A partida terá transmissão da HBO Max e do Estádio TNT Sports.

O Corinthians deve entram em campo com time titular com poucas alterações em relação às partidas anteriores: Cássio; Fagner, João Victor, Gil e Lucas Piton; Du Queiroz, Paulinho, Giuliano e Renato Augusto; Willian e Róger Guedes. O volante Roni esteve afastado dos últimos treinos após apresentar dores no posterior da coxa direita, e não deve ser escalado para o jogo.

O São Paulo, por sua vez, entra em campo sem o lateral Igor Vinicius, o meio-campo Alisson e o zagueiro Diego Costa, afastados por lesão, e o goleiro Jandrei, afastado após ter sido diagnosticado com Covid-19. O meia-atacante Nikão já retornou aos treinos após ter sido afastado por Covid-19, mas ainda não estará liberado para disputar a partida. Sendo assim, uma provável escalação do clube é: Tiago Volpi; Rafinha, Miranda, Arboleda e Léo (Reinaldo); Pablo Maia, Rodrigo Nestor e Gabriel Sara; Emiliano Rigoni, Jonathan Calleri e Marquinhos.

Estádio: Morumbi, em São Paulo (SP)

Horário: Às 16h (de Brasília) deste sábado (5)

Árbitro: Flavio Rodrigues de Souza

VAR: VAR: Jose Claudio Rocha Filho

Transmissão: HBO Max e Estádio TNT Sports