Al Khor, Catar - Como futebol pode ser muito mais do que um esporte, a perspectiva de confronto entre Inglaterra e França na Copa do Mundo traz a lembrança da definição do pesquisador Richard Davies. Em artigo no Jornal Francês de Estudos Britânicos, ele definiu que a relação entre os dois países jamais foi capaz de fugir de conflitos e rivalidades do passado. E que as memórias delas se transformam com frequência em pontos de referência em discussões e crises diplomáticas.

England's midfielder #08 Jordan Henderson celebrates scoring his team's first goal during the Qatar 2022 World Cup round of 16 football match between England and Senegal at the Al-Bayt Stadium in Al Khor, north of Doha on December 4, 2022. (Photo by Giuseppe CACACE / AFP)
England's midfielder #08 Jordan Henderson celebrates scoring his team's first goal during the Qatar 2022 World Cup round of 16 football match between England and Senegal at the Al-Bayt Stadium in Al Khor, north of Doha on December 4, 2022. (Photo by Giuseppe CACACE / AFP) | Foto: Giuseppe CACACE / AFP

Com a tranquila vitória por 3 a 0 sobre Senegal neste domingo (4), a Inglaterra selou a classificação para as quartas de final para enfrentar os atuais campeões do mundo. Horas antes, a França havia despachado a Polônia por 3 a 1. Os ingleses passaram décadas ironizando a inabilidade dos franceses para ganhar qualquer coisa em campo, apesar de apresentarem futebol bonito. A Inglaterra havia conseguido o título mundial em 1966. Só que o jogo virou. A França venceu as Copas de 1998 e 2018. Ficou com as Eurocopas de 1984 e 2000.

A Inglaterra se notabilizou por sempre ficar pelo caminho e falhar no momento decisivo. Foi assim em 2018, quando dominou a Croácia no primeiro tempo da semifinal do torneio da Rússia. Poderia ter goleado. Mas só fez um gol e perdeu na prorrogação. Se vencesse, enfrentaria a França na decisão.

Neste domingo, no estádio de Al Bayt, em Al Khor, demoraram a impor seu domínio sobre Senegal. Ismalia Sarr perdeu chance aos 21, com grande defesa de Jordan Pickford. Mas no momento em que Jordan Henderson abriu o placar aos 38, a partida só poderia ter um ganhador.

A Inglaterra tomou conta do jogo e ampliou nos acréscimos da etapa inicial com Harry Kane. Bukayo Saka completou aos 12 do segundo tempo.

A seleção tem batido na trave na sua busca por um troféu de expressão. Perdeu na semi em 2018 e foi finalista da Eurocopa do ano passado. Acabou derrotada nos pênaltis pela Itália. A equipe chega à fase que foi a grande vilã em Mundiais passados, especialmente quando teve o que ficou conhecida como sua geração de ouro. O time que tinha David Beckham, Paul Scholes, Michael Owen, Wayne Rooney, Steven Gerrard e Frank Lampard perdeu nas quartas em 2002 (para o Brasil) e 2006 (para Portugal).

LADOS OPOSTOS

O confronto com a França pode representar um divisor de águas para o futebol inglês. O típico jogo decisivo em que por décadas, desde 1966, a equipe era derrotada. Tem o potencial para mudar a história e contra o país que é o seu maior rival fora dos gramados.

Inglaterra e França já estiveram envolvidas um contra o outro em 29 guerras diferentes. A primeira iniciada em 1109. A mais famosa ficou conhecida como a Guerra dos Cem Anos (1337-1453). Os franceses tentaram intervir na Guerra das Rosas (1455-1487), a série de batalhas civis que mudaram a história inglesa e estabeleceram a dinastia dos Tudors.

Mesmo nos tempos modernos, ingleses e franceses não param de se estranhar. Em lados opostos no Brexit, a separação do Reino Unido da União Europeia, têm discussões e trocas de acusações sem fim sobre a passagem pelo canal entre Calais e Dover, usado por refugiados para chegar ao lado inglês.

INGLATERRA 3

Pickford; Walker, Stones (Eric Dier), Maguire e Shaw; Rice, Henderson (Kalvin Phillips) e Bellingham (Mason Mount); Saka (Marcus Rashford), Foden (Jack Grealish) e Kane. Téc: Gareth Southgate

SENEGAL 0

Édouard Mendy; Sabaly, Koulibaly, Diallo e Jakobs (Fodé Ballo-Touré); Nampalys Mendy, Ciss (Pape Gueye), Diatta (Pape Matar Sarr) e Sarr; Ndiaye (Cheikh Bamba Dieng) e Dia. Téc: Aliou Cissé

Local: estádio: Al Bayt Stadium, em Al-Khor (Qatar)

Árbitro: Ivan Arcides Barton Cisneros (El Salvador)

Gols: Jordan Henderson (ING), aos 38', Harry Kane (ING), aos 47'/1°T, Bukayo Saka (ING), aos 11'/2°T

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