O apito final no estádio Al Bayt desencadeou o início da festa francesa na Champs-Élysées, ponto mais charmoso e sofisticado de Paris. Na Copa das zebras, os Le Bleus desafiaram as estatísticas, a torcida contra e os desfalques para confirmar o seu favoritismo e chegar a segunda decisão seguida de uma Copa do Mundo. Repetindo o Brasil do tetra, em 1994, e o Brasil do drama, em Saint-Denis, em 1998. Tem a chance de repetir os bicampeões Itália (1934-1938) e Brasil (1958 e 1962).

France's players celebrate their victory in the Qatar 2022 World Cup semi-final football match between France and Morocco at the Al-Bayt Stadium in Al Khor, north of Doha on December 14, 2022. (Photo by Kirill KUDRYAVTSEV / AFP)
France's players celebrate their victory in the Qatar 2022 World Cup semi-final football match between France and Morocco at the Al-Bayt Stadium in Al Khor, north of Doha on December 14, 2022. (Photo by Kirill KUDRYAVTSEV / AFP) | Foto: AFP

A França chega à final no domingo fincada nos seus pilares: talento e conjunto. Mbappé não foi brilhante, como não havia sido diante dos ingleses, mas decisivo no segundo gol, que aliviou os franceses diante da pressão marroquina. Por outro lado, Antonie Griezmann mostrou novamente como é ponto chave na engrenagem de Didier Deschamps. É o maestro. Corre, luta, controla, organiza e define, como no gol de Théo Hernández logo aos quatro minutos, que desarmou a melhor defesa até então da Copa.

Mas é o coletivo que faz esta França tão forte. Mesmo com tanta gente boa fora. É um time que aprendeu a sofrer - e como sofreu contra a Inglaterra e Marrocos -, mas que é vertical, veloz e letal. É o melhor ataque da Copa, com 13 gols, a Argentina tem 12. Assim trilhou o seu caminho para a quarta final em sete mundiais. De coadjuvante, a França deu um salto para ser uma potência do futebol mundial.

Mas a potência passou por maus bocados diante da maior surpresa desta Copa. Só a Inglaterra e Marrocos atacaram e pressionaram a França. O time africano não chegou por acaso a uma semifinal inédita. Mostrou bom futebol, qualidade, habilidade e coragem. Teve bicicleta na trave, bola em cima da linha, Lloris trabalhando muito.

Marrocos honrou o futebol da África, honrou os árabes e mostrou que é possível fazer bom futebol fora dos muros da milionária Europa. Com orgulho, houve festa marroquina em Doha, no Marrocos e na França, onde vivem mais de 1,5 milhão de cidadãos e descendentes marroquinos. Metade destes em Paris. Também houve festa do outro lado da Champs-Élysées.