RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - O Fluminense é tido por muitos como a equipe de melhor futebol no Brasil atualmente. Internamente, porém, isso não faz o grupo perder o foco e se empolgar demais. Com o mantra de manter os pés no chão, o time tricolor tenta não se deixar levar no discurso externo.

TRABALHO

Em praticamente todas as entrevistas o técnico Fernando Diniz e os jogadores são perguntados sobre um possível favoritismo na temporada. Depois da goleada sobre o River Plate na Libertadores não foi diferente.

As respostas sempre se mantêm do mesmo jeito: com cautela e pregando respeito, humildade e trabalho. A ideia é evitar o clima de oba-oba que o externo proporciona.

Um dos poucos momentos que alguém do Fluminense admitiu favoritismo foi antes da última rodada da Taça Guanabara, quando André apontou que o time tricolor estava levemente à frente. A fala chegou até a gerar provocação de Gabigol, mas o discurso mudou projetando equilíbrio.

A confiança está no trabalho feito por Fernando Diniz e também na união que o grupo criou. Os treinos no Fluminense têm hora para começar, mas nunca para terminar. A receita principal do sucesso está justamente na ideia de falar menos e fazer mais.

DISCRIÇÃO

Até com Marcelo, principal contratação do clube em anos, o Fluminense adota certa cautela. Isso se dá principalmente pela discrição do próprio jogador, mas também por uma escolha do time. A lesão sofrida por ele, por exemplo, não foi divulgada.

Personagens importantes como o diretor de futebol Paulo Angioni não costumam aparecer muito. O dirigente, por exemplo, não concede entrevistas coletivas ou exclusivas. Ele está sempre no dia a dia, mas não gosta de ser o foco.

Outro nome que inevitavelmente chama a atenção é o de Fred, que vive o dia a dia, mas recusa os holofotes no que diz respeito ao clube. Mesmo estando diariamente em propagandas, na rede social e indo à beira do campo no aquecimento da equipe, o atual dirigente quer que o foco seja o grupo atual.

Dois exemplos recentes no Campeonato Carioca chamam a atenção: na final, o ex-atacante falou rapidamente, mas não quis se estender para não roubar a festa. Na premiação, foi chamado no palco para levantar a taça com o grupo, mas saiu da frente assim que possível, deixando o elenco em destaque.

Quem aparece sempre é o presidente Mário Bittencourt, que costuma centralizar as demandas de entrevistas para os mais diversos temas.

O QUE ELES DIZEM

Felipe Melo: "O que vai confirmar o Fluminense como um dos favoritos é a nossa regularidade. Não podemos em hipótese alguma ter um jogo importante e ter uma atuação como a que tivemos contra o Fortaleza. Deixamos a desejar, não fizemos o que temos de melhor. Perdemos por um placar elástico, dificilmente vamos perder desta maneira. O que mais tem no futebol são grandes jogadores. Com a internet todos te estudam. Manter a regularidade, pés no chão e humildade, que nos faz entender que não somos melhores do que ninguém, mas temos capacidade para chegar longe".

Fábio: "Estamos brigando com respeito a todos os adversários jogo a jogo nas competições que disputamos. Foi assim no Carioca, quando lutamos até o final para conquistar. Nas outras vamos fazer da mesma forma. Respeito ao adversário, dedicação e empenho no nosso trabalho. A responsabilidade aumenta cada vez mais e a pressão também. Temos que ter mais pé no chão e entrega".

Cano: "O Fluminense jogou muito bem. Fizemos um grande jogo em todos os sentidos da palavra. Sabíamos que jogaríamos contra o River, um grande rival, com muitos bons jogadores. Mas sempre ficamos com os pés no chão, humildade, respeito e correr. Ficará marcado para sempre".

Diniz: "Temos muita coisa para melhorar no futebol, não são só flores. Tivemos um jogo no sábado e perdemos, hoje ganhamos. Sábado não era o pior time do mundo e hoje não é o melhor. Temos que trabalhar muito, correr para marcar. Quando não jogamos assim, não temos muitas chances. Jogadores entendem que precisamos nos dedicar, do Cano ao Fábio, e para jogar, do Fábio ao Cano. E respeitar todos os adversários".