SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Santos organizou um processo inédito para contratar Fabián Bustos. O clube contou com o departamento de análise de mercado para traçar perfis, fazer entrevistas e se sentir seguro para substituir Fabio Carille. Bustos, porém, durou pouco mais de quatro meses no Santos e foi demitido após a eliminação nas oitavas de final da Sul-Americana para o Deportivo Táchira em plena Vila Belmiro.

Quando optou por Bustos, o Santos viu no argentino um profissional capaz de montar equipes competitivas mesmo sem grandes estrelas e com potencial para atuar do mesmo jeito dentro e fora de casa. O clube alvinegro viu vários jogos do Barcelona de Guayaquil (EQU) e gostou da agressividade na marcação e recuperação da bola. Na Vila Belmiro, isso não ocorreu.

Bustos foi, dentre as opções do clube, quem mais mostrou conhecer o elenco santista. Perguntou especificamente sobre alguns atletas e detectou a necessidade de contratar um ou dois líderes para dar sustentação aos mais jovens. Além disso, cativou o executivo de futebol Edu Dracena pelo "sangue nos olhos". O argentino demonstrou enorme vontade de trabalhar no Santos e iniciar os treinamentos assim que possível.

Fabián Bustos foi um dos três entrevistados pelo Santos no processo de seleção. Os portugueses Renato Paiva (Independiente Del Valle-EQU) e Ricardo Soares (Gil Vicente-POR) também foram ouvidos. Paiva agradou e era o favorito, mas impôs condições recusadas pelo Comitê de Gestão, enquanto Soares foi descartado por não conhecer tanto sobre o futebol brasileiro.

O Santos não vence há seis jogos —e teve apenas um triunfo nos últimos 13 compromissos. Fabián Bustos vinha sendo contestado pela torcida e diretoria, principalmente depois da goleada por 4 a 0 sofrida para o Corinthians pela partida de ida das oitavas da Copa do Brasil.

A diretoria estava decepcionada não só com os resultados recentes, mas também com as escolhas e o que julgam ser uma falta de critério do argentino. O Santos avalia que derrotas contra Corinthians, Flamengo e Palmeiras eram "normais". Mas existia um incômodo com o desempenho aquém do esperado contra equipes de menor investimento, como diante de Deportivo Táchira e Juventude.

A diretoria viu teimosia em algumas decisões e entendeu que Bustos mostrou pouco repertório e insistiu em equipes sem criatividade no meio-campo, com três volantes ou quatro atacantes.

A mudança de critério em relação às utilizações de Carlos Sánchez e Ricardo Goulart, antes preteridos e depois opções em jogos importantes, era outro ponto que intrigava os dirigentes. O meia Bruno Oliveira demorou meses para estrear, entrou bem e não ganhou sequência.

O Santos entendeu que teria em Fabián Bustos um técnico capaz de ficar até dezembro de 2023, no fim da gestão de Andres Rueda. Na prática, porém, o argentino não colocou em campo tudo que estava na sua boca e durou apenas quatro meses.