A cidade de Londrina recebeu neste último final de semana o Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica de conjuntos Ilona Peuker, que foi realizado no ginásio do Colégio Universitário. Duas décadas separam a realização do último Campeonato Brasileiro de GR em Londrina. Em 1999, a seleção brasileira adulta ainda treinava na cidade e as atletas daquela época se tornaram técnicas da modalidade, entre elas, Dayane Camilo.

A treinadora da categoria adulta da Unopar destaca que o retorno do torneio representa um privilégio em um momento que a GR local está crescendo muito na categoria juvenil. Segundo ela, a competição mostrou o potencial da ginástica londrinense. “A equipe de Londrina representou o Brasil no campeonato mundial juvenil, foram vice campeãs pan-americanas e foram campeãs no sul- americano", lembrou.

A consequência deste trabalho deve ser a presença das atletas da equipe local na seleção brasileira adulta. “Londrina tem uma tradição, não só na juvenil, mas na equipe adulta é muito forte. É preciso aproveitar esse momento. Não sei quando Londrina terá outro campeonato brasileiro de conjuntos, que é o maior da GR no Brasil”, destacou.

A técnica da equipe juvenil da Unopar, Juliana Coradine, classificou o fato de sediar a competição de conjuntos como especial. “Tivemos por muitos anos na Unopar, a seleção brasileira de conjunto. Agora como clube, a ADR Unopar manteve a tradição do bom trabalho de conjunto, mas também se destaca no individual”, aponta.

“Além de ser uma honra competir em casa, possibilita às novas gerações assistir ao vivo as atletas que elas tanto admiram, e a possibilidade de mais meninas se apaixonarem pela GR e, assim, aumentar o número de praticantes”, acrescentou.

A competição também recebeu a participação da seleção brasileira de conjunto adulto que treina em Aracaju. “Isso para nós é muito especial, até porque temos duas ginastas que compõe esse grupo e as treinadoras Camila Ferezin e Bruna Martins, que também são de Londrina”, informou.

Em 1999, a seleção brasileira de conjuntos treinava na Unopar, quando conquistou o primeiro ouro da história na ginástica rítmica em Jogos Pan-americanos. A seleção era formada pela treinadora Bárbara Laffranchi e as ginastas, Dayane Camillo (treinadora da ADR conjunto adulto), Juliana Coradine (treinadora da categoria juvenil), Camila Ferezin (atual treinadora da seleção brasileira de conjunto), Flávia Faria, Michelle Salzano e Alessandra Ferezin.

“Hoje as exigências do código são outras, mas a excelência do trabalho em Londrina continua muito forte. Esse ano nosso conjunto juvenil foi o representante do Brasil no primeiro mundial juvenil da história, além disso fomos campeãs pan-americanas no conjunto cinco fitas, prata no cinco arcos e prata no geral. Nosso adulto também está muito forte com meninas experientes, com destaque para a Gabrielle Moraes que esteve no conjunto brasileiro na Olimpíada do Rio”, ressaltou Coradine.

Ex-atletas comentam diferenças entre épocas

A técnica Dayane Camilo também concorda que está mais difícil de trabalhar no alto rendimento. “No alto rendimento não tem ‘mimimi’. Minha geração queria muito, tinha foco e os pais ajudavam bastante. Hoje vejo que a geração do celular vem com menos coordenação motora, menos foco e menos vontade para realizar as coisas na quadra”, aponta.

Por outro lado, Coradine aponta que hoje as atletas têm mais apoio e ajuda de custo. “Tem mais possibilidades de crescer e se manter mais tempo na ginástica. Hoje em dia há mulheres competindo com 25, 26, 27 anos. Antigamente, a maioria permanecia até no máximo 16 ou 17 anos. Muitas tinham que estudar e ajudar em casa”, observa.

Mas Coradine também observa mudanças no comportamento, que prejudicam o trabalho. “Eu via um respeito maior das atletas e mais apoio dos pais, sem interferência deles perante a treinadora e a equipe. Essa interferência negativa influencia e muito no desenvolvimento da atleta, tanto no esporte quanto na personalidade”, opinou.