O rebaixamento do Athletico no Campeonato Brasileiro deixará o futebol paranaense sem um representante na elite do futebol nacional depois de 34 anos. Em 2025, o Paraná terá a participação de oito clubes no Brasileiro divididos entre as Séries B, C e D.

A última temporada que o futebol do Paraná ficou sem nenhum representante na Série A foi em 1990. Nas últimas 33 edições do Brasileiro, em 10 delas o Estado teve três clubes ao mesmo tempo na elite: Athletico, Coritiba e Paraná Clube. O Coxa caiu pela última vez em 2023 e o Paraná foi rebaixado em 2018 e atualmente não participa de nenhuma divisão nacional.

É a sétima vez na sua história que o Athletico é rebaixado para B. Esta de 2024 será ainda mais marcante porque é o ano do centenário do rubro-negro. O clube foi campeão paranaense no início da temporada. O Furacão disputou as últimas 12 edições da Série A do Brasileiro.

Em 2025, o Athletico disputará a Série B ao lado do Coritiba e do Operário. Na Série C estarão Londrina e Maringá e outros três clubes vão jogar a Série D: Cianorte, Azuriz e FC Cascavel.

Repercussão

Para o comentarista da rádio Paiquerê 91,7, Matheus Camargo, a queda do Athletico para a segunda divisão é um símbolo muito forte do momento por qual passa o futebol paranaense. Segundo o analista, o rebaixamento do clube mais estruturado do Estado deveria servir como um ponto de virada na administração do nosso futebol.

"A queda é o símbolo do retrocesso do nosso futebol nos últimos anos. Temos competições pouco atrativas para os clubes, para os torcedores, praticamente inviáveis do ponto de vista financeiro. Pode ser a oportunidade para a Federação Paranaense repensar o trabalho que está sendo feito", apontou.

Camargo, ressalta, no entanto, que tem pouca esperança que algo diferente seja feito para o fortalecimento do futebol paranaense. "Os nossos clubes não conseguem competir em alto nível com rivais de outros estados. A Federação sempre se agarrou de que o trabalho era bom porque o Athletico era finalista de Libertadores, campeão da Sul-Americana, boas campanhas no Brasileiro, agora não tem mais."

Para Valmir Martins, comentarista da rádio Clube FM, a queda atleticana é uma vergonha para o clube e também para o futebol paranaense. O jornalista ressaltou a ótima estrutura do rubro-negro, mas quem nem isso foi suficiente para evitar o rebaixamento.

"Nem a fanática torcida foi capaz de segurar o time. Foram muitos erros de planejamento e execução ao longo da temporada. O clube saiu da rota que ele sempre pregou como alicerce. Consequências de um clube que tem dono, não é democrático e que errou mais que o normal. Para o futebol paranaense é muito ruim e uma grande vergonha", frisou.

MEA CULPA

Ao final da partida diante do Galo o diretor técnico do Athletico, Paulo Autuori,assumiu a responsabilidade pelo rebaixamento. Ele eximiu o treinador Lucho González de culpa pelo fracasso. “Não vou ficar arrumando justificativas, nem bengalas. Não fomos competentes para isso nos momentos todos que estiveram nas nossas mãos em que deveríamos ter uma resposta positiva”, disse Autuori.

“Eu já pude participar de campanhas vitoriosas. Esse é um momento extremamente difícil, mas nós seres humanos e profissionais temos que saber viver entre o bem e o mal, a alegria e a tristeza, vitórias e derrotas, entre sim e o não”, completou o diretor técnico.

QUEDA FESTEJADA

Se do lado rubro-negro só há lamentações, os rivais Coritiba e Paraná Clube foram às redes sociais para ironizar o rebaixamento. O principal alvo dos memes foi presidente do clube, Mario Celso Petraglia, e a ação de marketing "pacto rubro-negro" numa tentativa de arrebanhar a torcida na luta contra o rebaixamento.

"Até o nosso centenário (2024), nós botaremos nossa estrela no peito de campeão do mundo. Podem me cobrar", afirmou Petraglia, o que motivou várias piadas dos rivais.

O Athletico disputou as últimas 12 edições da Séria A caiu depois de terminar em 17º lugar no Campeonato Brasileiro
O Athletico disputou as últimas 12 edições da Séria A caiu depois de terminar em 17º lugar no Campeonato Brasileiro | Foto: Gilson Lobo/AGIF/Folhapress