BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) - Uma das promessas feitas pela diretoria do Cruzeiro ao técnico Vanderlei Luxemburgo, a de manter salários em dia no clube, já deixou de ser cumprida. Jogadores dos times principais masculino e feminino, além de atletas das categorias de base e de funcionários do administrativo, acumulam folhas salariais sem pagamento. A informação foi antecipada pelo jornalista Jaeci Carvalho e confirmada pela reportagem.

Atletas do time profissional masculino acumulam duas folhas atrasadas. Os valores pagos recentemente não encerraram todas as pendências do clube com os jogadores. A situação se agrava quando o assunto é o time feminino e as categorias de base, que chegam a somar até quatro pagamentos atrasados, contando 2020 e 2021.

Enquanto isso, o presidente cruzeirense, Sérgio Santos Rodrigues, está na Espanha, onde ele visitou o Real Madrid e, pelo que postagens recentes nas redes sociais indicam, participa de algum curso com a chancela da Fifa.

Em foto publicada pelo dirigente em sua conta no Instagram, ele troca camisas com Butragueño, ex-jogador do Real Madrid, e atualmente o vice-presidente desportivo do clube merengue. "5 anos depois de fazer o MBA no Real Madrid, voltei para visitar a casa e tive o prazer de ser recebido pelo craque Emílio Butragueño. Um prazer imenso. Obrigado pela recepção", escreveu na legenda da imagem.

O Cruzeiro estava pagando salários de atletas e funcionários com custeio do empresário Pedro Lourenço, dono da rede de Supermercados BH, tido como o maior apoiador nesta fase ruim da equipe celeste. Mesmo com esse aporte, o clube segue com pendências financeiras graves.

De acordo com informações recebidas pela reportagem, funcionários do administrativo reclamam da falta de pagamento e de salários escalonados. Uma greve foi feita recentemente em uma das sedes sociais do Cruzeiro, que, segundo relatos, contratou mão de obra terceirizada por empreitada com pagamento por dia.

"Tem três meses que recebo pouco mais de R$ 300. Já recebi R$ 180 e os contra-cheques chegam com o salário total, sem que a gente receba todos os valores. Ninguém nem viu o dinheiro", reclama um funcionário que pediu anonimato com receito de retaliações.

Questionado sobre o que estava atrasado a resposta foi direta: "Salário de julho, agosto, 13º do ano passado. E eles alegam que pagaram o 13º, mas não recebemos. Nos deram uma cesta básica recentemente e disseram para aguentarmos a dificuldade, porque arroz e feijão não podem faltar, e que, para o resto, damos jeito, foi isso que nos disseram", criticou.

A reportagem fez questionamentos ao Cruzeiro sobre o responsável por bancar os custos da viagem do presidente Sérgio Santos Rodrigues. E, também, se havia previsão de pagamento dos salários atrasados. Até a publicação deste texto, o clube não enviou resposta.