SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O quarterback Aaron Rodgers, astro do Green Bay Packers e um dos atletas mais famosos do futebol americano, causou incômodo entre cientistas após fazer declarações colocando em dúvida a eficácia e a segurança de vacinas contra Covid-19. Após testar positivo para o vírus, na semana passada, o jogador admitiu, no entanto, que não se vacinou.

Ao justificar sua decisão de não tomar o imunizante, Rodgers disse que se tratava de uma "decisão pessoal" e que estava usando medicamentos e vitaminas —sem eficácia comprovada— para tratar a infecção. Ele afirmou ainda que se preocupa com um possível efeito negativo das vacinas em sua fertilidade, mas não há nenhuma evidência de que isso seja verdade.

Cientistas ouvidos pelo jornal The New York Times rebateram as falas do jogador e manifestaram preocupação com o alcance das palavras dele, que é uma das pessoas mais famosas dos Estados Unidos, justamente em um momento no qual a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos está começando no país.

"Quando você é uma celebridade, você ganha uma plataforma", disse Paul A. Offit, diretor do centro de educação vacinal de um hospital infantil da Filadélfia. "Quando você escolhe fazer o que Aaron Rodgers está fazendo, que é usar essa plataforma para espalhar desinformação que pode fazer as pessoas tomarem más decisões para elas e para seus filhos, então, você está causando dano."

Rodgers disse ainda que não tomou vacinas com a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) porque possuiria uma alergia a um ingrediente não especificado contido nelas. De acordo com os cientistas, essas alergias são possíveis, mas extremamente raras.

"Aaron Rodgers é um cara esperto, mas mesmo assim é vulnerável à 'blitz' de desinformação", disse ao The New York Times o médico David O'Connot, virologista na universidade de Wisconsin-Madison e torcedor do Green Bay Packers.

"As pessoas que estão no hospital com covid são, em sua imensa maioria, pessoas não vacinadas", disse Angela Rasmussen, virologista da universidade de Saskatchewan. "E a transmissão está sendo causada principalmente por pessoas não vacinadas para outras pessoas não vacinadas."

Rodgers também criticou os protocolos da NFL contra a Covid-19, dizendo que não concordava com alguns deles —por exemplo, usar máscara para dar entrevistas.

A liga investigou se o jogador, atualmente cumprindo o período de isolamento obrigatório de dez dias, violou alguma medida de segurança contra a Covid-19. Como resultado da investigação, a NFL multou os Packers em US$ 300 mil (R$ 1,6 milhão) por não cumprir os protocolos sanitários. Já Rodgers e o wide receiver Allen Lazar foram multados em US$ 14.650 (R$ 80,5 mil) cada.