Imagem ilustrativa da imagem Com Bia Souza, judô chega a cinco ouros em Olimpíadas

Paris - Era o dia de Teddy Riner, um dos maiores judocas da história, e de uma França que veste quimono. Até o presidente Emmanuel Macron estava na Arena Campo de Marte. Mas era o dia também de Beatriz Souza, a Bia, 26, que surpreendeu as favoritas, a líder do ranking e a campeã europeia, para conquistar o primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Paris-2024. Com o outro de Bia, o Brasil saltou para o 19º lugar com 1 ouro, 3 pratas e 3 bronzes no quadro de medalhas.

Foi o terceiro pódio do judô na capital francesa. William Lima e Larissa Pimenta já haviam conquistado uma prata e um bronze, respectivamente.

Natural de Peruíbe (SP) e atleta do clube Pinheiros, Bia venceu na semifinal Romane Dicko, atual líder do ranking mundial da categoria pesado (+ 78 kg), bronze em Tóquio-2020 e ouro na disputa mista, junto com Riner. E uma barulhenta torcida francesa, que estava no estádio por causa dela, mas principalmente devido à presença de Riner na semifinal masculina.

Mas nem mesmo o apoio da torcida local a abalou. A paulista, dona de três medalhas em Mundiais sênior (uma prata e dois bronzes) fez uma luta sólida, dominou o combate e bateu a rival com uma imobilização que fez a europeia desistir.

"Eu consigo concentrar totalmente ali na luta, no meu momento. Eu estou focada em mim, no que eu quero fazer, no que eu sei fazer e, independente de quem está ali na minha frente, eu sei que eu estou preparada, sei que estava muito bem preparada pra isso. Focar só mesmo no técnico, ver o que a Sarinha estava falando, conseguir colocar ali em prática, fazer o ajuste que estava sendo necessário, mas eu realmente consigo, eu consigo bloquear toda a torcida", disse Bia.

Dicko entrou no combate buscando uma definição rápida, mas foi ignorada pela brasileira. Pragmática, Bia levou o combate para o golden score e, num vacilo da francesa, conseguiu enlaçar sua cabeça até a imobilização, um kesa-gatame.

Na final, foi a vez da campeã europeia, a israelense Raz Hershko, ser vencida com ainda mais dominância. Um waza-ari foi aplicado logo no começo da luta. Depois, fez seu jogo, segurando firme a oponente, impedindo os ataques da rival e administrando com firmeza até o final.

O caminho até o ouro teve ainda um momento de tensão e reviravolta. Contra a coreana Kim Hayun, o árbitro marcou um ippon para a adversária. Após revisão do árbitro de vídeo, porém, a decisão foi invertida, e foi considerado que a brasileira é quem aplicou um golpe. Assim, foi declarada vencedora.

Bia é a terceira brasileira a conquistar o ouro olímpico, depois de Sarah Menezes, em Londres-2012, e Rafaela Silva na Rio-2016.

CAMINHO ATÉ O OURO

- x Izayana Marenco (NCA) - vitória por ippon

- x Kim Hayun (COR) - vitória por waza-ari

- x Romane Dicko (FRA) - vitória por ippon

- x Raz Hershko (ISR) - vitória por waza-ari

AOS SETE ANOS

A agora campeã olímpica começou no esporte em sua cidade natal aos 7 anos, seguindo os passos do pai, Poseidonio José de Souza Neto, que também foi atleta da modalidade. Aos 15, mudou-se para São Paulo para aprimorar as técnicas de luta e participar de grandes competições.

Logo passou a fazer parte da seleção brasileira, conquistando a prata por equipes mistas no Mundial de Budapeste, na Hungria, em 2017, e o bronze no individual nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019.

Nos Jogos de Tóquio-2020, realizados em 2021 por causa da pandemia de Covid-19, Souza esteve perto de fazer sua estreia nas Olimpíadas.

Ela disputava a vaga na categoria peso-pesado com Maria Suelen Altheman, atleta então com mais experiência que foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara-2011 e Toronto-2016.

Ambas conquistaram o bronze no Mundial disputado em Budapeste, na Hungria, um mês antes do início dos Jogos na capital japonesa, e estavam bem cotadas para ser a representante brasileira na categoria mais pesada do judô.

No fim, a experiência falou mais alto, e Maria Suelen acabou sendo a selecionada —na ocasião, sofreu uma das lesões mais graves da carreira, uma ruptura do tendão patelar do joelho esquerdo durante o combate contra a francesa Romane Dicko, encerrando sua terceira participação olímpica nas quartas de final.

"Falei para mim mesma que eu não ia sentir aquilo que eu senti de novo, de não ir para uma Olimpíada. Foi uma chave muito importante para mim que eu virei. Desde o momento em que a chave virou, as coisas só foram sendo encaminhadas", afirmou Bia.

No ciclo para Paris-2024, a judoca peruibense teve como treinadora justamente Maria Suelen, que se aposentou dos tatames como atleta no início de 2023.

JUDÔ DOURADO

Beatriz Souza conquistou a quinta medalha de ouro do judô brasileiro na história dos Jogos Olímpicos. Ela se juntou a Rafaela Silva (2016), Sarah Menezes (2012), Rogério Sampaio (1992) e Aurélio Miguel (1988) como medalhistas de ouro. Os cinco são os únicos judocas brasileiros a subirem no lugar mais alto do pódio. Apenas a vela tem mais medalhas de ouro, com oito. O judô igualou atletismo e vôlei. Ambas modalidades também obtiveram o melhor resultado possível para o Brasil cinco vezes. O judô acumula no total 27 premiações olímpicas: cinco ouros, quatro pratas e 18 bronzes.

VÔLEI DE PRAIA 100%

O Brasil fechou a primeira fase do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos Paris 2024 com 100% de aproveitamento nas duplas femininas. Nesta sexta-feira (2), Carol Solberg e Bárbara Seixas venceram as holandesas Stam e Schoon por 2 sets a 1, de virada (parciais de 16/21, 21/17, 19/17), e fecharam a fase de grupos com três vitórias em três partidas, assim como a outra dupla brasileira, Duda e Ana Patrícia. A partida também valia para um bom chaveamento na fase eliminatória das duplas brasileiras: com os primeiros lugares de seus respectivos grupos, Carol e Bárbara e Duda e Ana só se enfrentariam numa eventual semifinal, já na zona de medalha.

CALDERANO LUTA POR BRONZE

Hugo Calderano lutou muito, mas perdeu a semifinal do tênis de mesa dos Jogos Olímpicos, nesta sexta-feira, 2, em Paris. O brasileiro foi derrotado pelo sueco Truls Moregard por X a X (12/10, 16/14, 7/11, 11/7, 10/12 e 11/8). Com o resultado, agora o brasileiro foca na disputa da medalha de bronze. A partida será no domingo, 4, às 8h30 (horário de Brasília), contra o francês Felix Lebrun. (Com informações do Comitê Olímpico Brasileiro)