LISBOA, PORTUGAL (UOL/FOLHAPRESS) - Dos quatro principais clubes do futebol português, o Braga anunciou nesta quinta-feira (3) que está disponível para receber, abrigar e também dar emprego para os refugiados da guerra na Ucrânia.

Em um comunicado de sete parágrafos, em que exaltam "estar do lado certo da história", os minhotos reforçaram de antemão que a sua atividade diária não se resume ao futebol. Consideram que são uma instituição "referência nacional e internacional e que sempre manteve bem presente o seu papel enquanto dínamo de responsabilidade social".

"O mundo atravessa um dos períodos mais sombrios da sua história recente. A guerra que assola o território europeu está a milhares de quilómetros de distância de Portugal, mas as imagens de desespero do povo ucraniano estão bem vivas no nosso dia a dia e trespassam-nos o coração. Este vil ataque perpetuado pela Rússia de Vladimir Putin não deixa indiferentes todos aqueles que cresceram na liberdade e que acreditam nos valores da democracia", destacaram.

"É neste contexto em que a solidariedade e a união terão de prevalecer sobre a frieza dos ataques aéreos ou a intempérie das balas, que o Braga se propõe a prestar auxílio a todos aqueles que fogem da barbárie da guerra que assola, por estes dias, o solo ucraniano", completaram.

Com sete brasileiros no elenco principal, o Braga, que está na quarta colocação da liga portuguesa e nas oitavas de final da Liga Europa, se mostrou "amplamente disponível para receber refugiados oriundos da Ucrânia, integrando-os na sociedade portuguesa e garantindo-lhes emprego nas mais variadas áreas do clube, tudo isto ao abrigo do mecanismo simplificado para a obtenção de proteção temporária" por parte dos ucranianos.

"O Braga sempre foi mais do que um clube de futebol. É uma família, com enorme sentido de responsabilidade social, demonstrada ao longo de mais de 100 anos de história. É um orgulho para mim fazer parte dessa história e saber que represento um clube que tem este tipo de consciência do que se está a passar no mundo. A atitude do Braga não me surpreende, pois conheço muito bem as pessoas que lideram o clube. É só mais uma demonstração da grandeza, não apenas esportiva, mas, acima de tudo, social, solidária e humana.", elogiou o goleiro brasileiro e capitão Matheus Magalhães, à reportagem.

Por meio do primeiro-ministro Antônio Costa, Portugal declarou na semana passada que o país está aberto para abrigar desde já os ucranianos que estão fugindo da guerra. Foi, inclusive, dos primeiros líderes na Europa a afirmar publicamente que as fronteiras estão abertas.

"Os ucranianos têm sido muito bem-vindos a Portugal. Seus familiares, amigos e conhecidos que queiram procurar a segurança e o destino para dar continuidade às suas vidas são também muito bem-vindos. Vão contar com toda a nossa solidariedade", avisou, em entrevista coletiva.

De acordo com os últimos dados oficiais do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), a invasão da Rússia ao território ucraniano gerou em apenas uma semana uma onda migratória de 1 milhão de pessoas.

Atualmente, cerca de 28 mil ucranianos residem em Portugal. Entre 2008 e 2010, por exemplo, o número atingiu quase 80 mil. A maior parte dos imigrantes é originária da zona ocidental da Ucrânia, uma região agrícola com muito pouca indústria.