Inscrita na 3. Divisão paranaense, a Sociedade Esportiva Matsubara é o único remanescente do Norte Pioneiro em campeonatos oficiais e o seu deslocamento de Cambará para Cornélio Procópio em 2011 parece improvável, contrariando uma proposta que não mais voltou à discussão desde o ano passado. Na impossibilidade de mudar o panorama, a cidade de maior população (46,9 mil habitantes) na margem direita do Tibagi mantém o futebol amador, sem esquecer o profissionalismo que deu ao Norte a sua primeira supremacia no Estado.
A programação da Copa Osvaldo Bernardes, de 1.º de janeiro a 15 de fevereiro, com a participação de equipes da região, passou a incluir homenagem a ex-profissionais, este ano a Dirceu Funari, campeão em 1958 e 1961 pelo Esporte Clube Comercial. O próprio Funari mantém, em sua loja de extintores, um documentário (fotos e textos) do futebol de outrora, inspiração para o ''marketing cervejeiro'' do filho Dirceu Júnior.
No próximo dia 14 se completam 116 anos do primeiro jogo de futebol no Brasil obedecendo às regras inglesas, que se tornaram básicas em todo o mundo. E o ambiente temático da ''Cervejaria Charles Miller'' evoca o autor da iniciativa (pelo nome) e as glórias do futebol procopense, lá se encontrando uma das taças conquistadas pelo Comercial, cujas cores eram azul-marinho e branco.
Vitão e Pedrinho são outros ex-defensores do Comercial, campeões, que permancem na cidade. ''Foi em 1969 que terminou o time, né?'' presume Vitão referindo-se ao profissionalismo. ''Depois, ficou um time misto, com amadores.''
E surge o Esporte Clube 9 de Julho, que participa da primeira divisão estadual entre 1975 e 1980 e entra em declínio, passando a disputar a segunda divisão. Presidente da Fundação de Esportes do Município atualmente, Evaldo Ferrari Chagas, o ''Tustão'', atribui a existência do 9 de Julho ao idealismo de Laurindo Miyamoto, José Lagana e de sucessores que conseguiram formar um time ''sempre de regular para bom'', capaz de estabelecer uma rivalidade com o Londrina e o União Bandeirante. Mas não suportou o endividamento, incluindo a Previdência, e se desarticulou ainda na década de 80.
''O futebol é caro'', conclui Tustão, baseando-se em despesas que já considera elevadas em termos de amadorismo e das escolinhas no âmbito da Fundação, mesmo que haja convênios, ''imagine futebol profissional.''
Quanto ao Matsubara ''mandar'' os jogos na cidade, Tustão explicou que apesar do interesse do prefeito, Amin José Hannouche, ''a negociação não teve continuidade'', desde que as partes conversaram em setembro passado passado. ''Talvez ainda possa acontecer'', arriscou. Em Cambará, embora não tivesse tempo suficiente para expôr o planejamento do futebol - segundo alegou -, Shigueo Matsubara disse à FOLHA que ainda não se definira o local para os jogos.